Só quando as férias escolares acabaram a chuva deu uma trégua aos cariocas e a temperatura voltou a subir. Para compensar o mau tempo prolongado, que atrapalhou até os desfiles de escolas de samba, estudantes adiaram o retorno às aulas e trocaram a sala pela praia. Anton Mauro, 18, apagava nas areias de Ipanema a frustração dos dias chuvosos. Frustração atenuada, também, pelo samba:
- Mesmo com o mau tempo aproveitei bastante as férias. Desfilei no domingo de carnaval na Viradouros, embaixo de chuva - lembrou Anton.
O mau tempo naufragou não só o humor dos cariocas, mas tambem os lucros de verão. Embora os hotéis da cidade tenham registrado taxa de ocupação de 85,29% durante o carnaval, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH-RJ), as chuvas impediram a superação da marca comemorada no mesmo período de 2007: 90,11%.
O céu nublado não esfriou a chegada de turistas estrangeiros. Só de transatlânticos, foram mais de 700 mil durante o carnaval. Ao longo do verão, o estado do Rio recebeu três milhões de visitantes.
Carlos Gama, de 46 anos, vive há 12 nos Estados Unidos, veio matar as saudades do Brasil neste verão. Foi recebido com um aguaceiro - "praga de ex-sogra” - mas não perdeu um dia de praia. Para ele, a chuva excessiva é conseqüência do aquecimento global.
O professor de Educação Física Gustavo Braga, de 29 anos, diz que sempre se dá ao luxo de pegar uma praia. "O verão está horrível", reclama. O trabalho informal também sofreu com o tempo chuvoso. Marco Antônio Ribeiro Silva (foto), de 53 anos, funcionário da barraca do Beto, no Posto 9, lamenta que as chuvas o impediram de montar a barraca no domingo de carnaval, dia de maior movimento.