A mesa-redonda América Latina, do seminário Agenda e atores da política externa: perspectivas do Norte e do Sul teve como foco a discussão da transformação nas relações internacionais, a ascensão das unidades subnacionais, como estados e cidades, no contexto internacional e a divergência de opiniões dos atores que discutem a conjuntura externa, como o Itamaraty, entes governamentais e empresas. Realizado na quarta-feira (08/09), na PUC-Rio, o encontro contou com a presença da professora da UERJ Maria Regina Soares de Lima, da professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Mónica Salomón, da debatedora Mônica Hirst, da Universidade Torcuato di Tella, de Buenos Aires, e da professora da UERJ Miriam Saraiva, que coordenou a mesa.
A professora Maria Regina explicou que a política externa brasileira é alvo de transformações, como principalmente da globalização. A instantaneidade e eventos online, on time, causam modificações na política externa.
– As agendas e atores das relações internacionais não são mais os mesmos. A comunidade da política externa envolve um conjunto de atores dentro e fora do governo e, apesar da maior abrangência, é ainda reduzida – acrescentou.
Para Maria Regina, os atores que discutem a política externa têm diferentes linhas de oposição e consenso. A política brasileira para a América do Sul, por exemplo, é uma questão de muita discussão. Alguns especialistas, conforme ressaltou, acreditam que o Brasil deve cooperar nas questões “Sul-Sul”, com enfoque nas relações com os demais países sul-americanos, outros não. A modalidade de integração nacional, segundo Maria Regina, é outra questão de debate.
– A relação com a China é também muito discutida atualmente. A China é uma cooperadora ou uma competidora? Questões como essas não têm consenso – acrescentou.
Maria Regina comentou também que a política externa se parece com a política pública, porque ambas dependem de decisão estatal e ressaltou a visível internacionalização da política governamental brasileira.
Mónica Salomón explicou, em sua fala, que a política externa se originou no contexto da globalização, nas décadas de 1970 e 1980, inicialmente nos Estados Unidos e na Europa. Segundo a professora, essa política se espalhou rapidamente pelo mundo. A diplomacia na América Latina, conforme acrescentou, recebeu influências externas.
– A partir dos anos 1990 começaram a ser discutidos acordos que influenciaram as ações de Estado, com a ideia de cooperação de países
A professora destacou a ascensão das unidades subnacionais, como cidades, estados e províncias, nas relações com o exterior. Essas unidades, segundo a professora, buscam cada vez mais estabelecer contatos com outros países para desenvolver iniciativas de inserção, muitas vezes independentes das políticas de Estado nacional.
O Mercosul, por exemplo, é um fórum consultivo de governos locais em diferentes questões, como meio ambiente. As vantagens, de acordo com Mónica, são várias, especialmente a cooperação técnica, as promoções econômica e comercial.
Mônica Hirst concordou ressaltando a superação da antiga irrelevância das unidades subnacionais, superada principalmente pela capacidade de as regiões produzirem bens públicos e a positiva inserção no processo de globalização.
– O Brasil faz fronteira com dez países e isso também ajuda na promoção das cidades fronteiriças no contexto internacional da América Latina – afirmou.
A professora acrescentou que todos os aspectos explicados pela professora Maria Regina, como as transformações de atores e agendas decorrentes da globalização e as diferentes opiniões sobre a política externa, se aplicam aos outros países da América Latina.
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