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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Cidade

Cabral: educação é vítima de “herança nefasta”

Carina Bacelar - Do Portal

27/08/2010

Mauro Pimentel

O candidato à reeleição ao governo estadual, Sérgio Cabral (PMDB), defendeu ontem, em sabatina promovida pelo portal UOL e pela Folha de São Paulo, no Shopping da Gávea, dois alvos recentes de um bombardeio de críticas: a educação pública e a segurança. O penúltimo lugar do Rio de Janeiro no IDEB foi causado, de acordo com o governador, pela  “herança nefasta” da aprovação automática. Ele destacou que o resultado melhor das primeiras séries do ensino fundamental indicaria uma progressiva recuperação da educação. No entanto, quando confrontado com o resultado superior das escolas municipais, que também aderiram àquele sistema, Cabral argumentou que, a exemplo das escolas estaduais, as notas foram piores no final do ciclo escolar.

– Todas as salas de aula do estado têm hoje sistema de som, climatização, e computador. Teremos uma educação para nos orgulharmos até 2014. As dificuldades hoje são residuais – minimizou o canditado, sem, entretanto, apresentar novas propostas (à exceção dos laptops prometidos "para cada professor após as eleições").

O confronto entre policiais e bandidos, sábado passado, em São Conrado, transformou a segurabnça pública e, especialmente, as Unidades de Polícia Pacificadora no centro das discussões. Cabral disse preferir não responder às críticas sobre as UPPs. Se reeleito, prometeu manter José Mariano Beltrame à frente da Secretaria estadual de Segurança e terminar o segundo mandato com "todas as comunidades pacificadas". Ele negou a migração do tráfico para o interior do estado por conta da ocupação das comunidades pela polícia. Admitiu, entretanto, a necessidade da instalação de UPPs nesses locais, mas só em “pouquíssimos” deles.

 Mauro Pimentel – A polícia não é mais sinônimo de tiroteio. Se houver migração do tráfico, é muito residual. Isso é uma balela. A grande maioria do tráfico larga a arma e fica – afirmou Sérgio Cabral.

Outro tema discutido foram as alianças políticas, não raramente protagonistas de uma lógica muito peculiar. Cabral negou já ter sido aliado de Anthony e Rosinha Garotinho. Garantiu que sua candidatura ao senado em 2002 não foi apoiada pelo casal. Garotinho e Rosinha "apenas entraram em um partido (PMDB) no qual o governador já estava", esclareceu.

Já a aliança com Lula foi exaltada. Para Cabral, o presidente é  “a pessoa mais ética”. Perguntado sobre a crítica do aliado aos dissidentes cubanos, chamados de “criminosos”, atribuiu a subida de tom à “relação emotiva” que Lula teria com Cuba e com Fidel. O governador até "lançou" o nome do presidente para a ONU: 

– Lula seria um excelente secretário-geral da ONU. A história dele é reconhecida no mundo inteiro. Essa figura internacional, o Brasil nunca teve – justificou, para depois afirmar que ele e Lula são "semelhantes pelo pragmatismo".

Ainda em tom de palanque, Cabral disse que Dilma Roussef (PT) conquistou a candidatura à presidência "por sua história e pela atuação no governo Lula". Ele acrescentou que a oposição ao amigo José Serra (PSDB) não foi "mal recebida" pelo tucano:

– O Serra é qualificado, é um amigo pessoal. Com todo carinho ao Serra, pelo conjunto da obra, a Dilma é a melhor opção.

Sérgio Cabral preferiu não polemizar quando o tema foi controle da imprensa. Defendeu a fiscalização por ela exercida sobre os agentes do poder e recordou que, durante a ditadura militar, quando tinha 7 anos, ia visitar o pai, o jornalista Sergio Cabral, na prisão. Por outro lado, quando questionado sobre suas declarações relacionando pobreza a natalidade, admitiu defender a ampliação da vasectomia para a rede municipal e cobrou “mais coragem” por parte da sociedade para encarar a "questão da natalidade".

Sobre o transporte público, o governador prometeu reestruturar todas as estações de trem até 2014. Ele avalia que "melhoras vem ocorrendo na Supervia". O candidato ressaltou a inauguração da linha 1A do metrô, que “acabou com o calvário” na rotina do morador suburbano.

Na sabatina quarta-feira, dia 25, Fernando Gabeira, candidato do PV ao governo, criticou a "curta duração" (duas horas) do bilhete único. Para Cabral, a iniciativa é “sem igual” no Brasil.

– Se eu falar que amplio a duração para 3 horas, ele (Gabeira) vai dizer que amplia para 4 – rebateu.

Perguntado se devia desculpas ao menino chamado de “otário” e “sacana”  quando, acompanhado de Lula, inaugurava obras no Complexo de Mangunhos, Cabral contraatacou: "Ele (o menino) me deve desculpas". Pois, segundo Cabral, o jovem teria articulado o uso eleitoreiro do episódio (a cena virou sucesso no Youtube, com 97 mil exibições da versão mais acessada) e estaria sendo manipulado por políticos. O governador associou aquela descortesia a “um momento muito emocionante”:

 – Meu tom não foi de agressão, foi um “vai estudar” – disse ele, que inicialmente tentou fugir da lembrança exaltando as obras inauguradas em Manguinhos.