A Prefeitura do Rio de Janeiro, em parceria com a PUC-Rio, promoveu um seminário nos dias 22 e 23 de fevereiro com o tema "Uma agenda para os Brics". Com palestrantes dos quatros países que formam o grupo – Brasil, Rússia, Índia e China – o encontro, segundo seus idealizadores, teve o objetivo de promover o diálogo em torno da implantação de uma agenda comum.

Entre os participantes, estiveram presentes o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o vice-governador de São Petersburgo, Roman Filimonov, o professor indiano Vinod Tewari, da Universidade Teri, de Nova Délhi, o diretor-geral do Centro de Estudos do Mundo Contemporâneo da China, Li Jun e o Vice-presidente do Instituto de Estudos Internacionais Liu Youfa. Além disso, outros palestranstes foram o ex-secretário geral do Itamaraty embaixador Marcos Azambuja, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, o economista britânico e criador da sigla "Brics", Jim O’Neill, e a socióloga da Universidade Columbia Saskia Sassen. Foram debatidos temas como: a relevância global dos países que formam os Brics e as relações comerciais entre eles. Questões sobre desenvolvimento urbano, sustentabilidade e segurança também fizeram parte das discussões.

O vice-governador de São Petersburgo, por exemplo, ressaltou a importância de investimentos no esporte e na área ecológica. Vinod Tewari destacou a necessidade de aprender com outras experiências urbanas. Para Liu Youfa, o governo chinês precisa direcionar esforços para uma política de desenvolvimento sustentável. Por sua vez, Eduardo Paes apontou o trânsito como um grande problema do Rio de Janeiro.

Para o embaixador Marcos Azambuja (foto) o interessante dos Brics é justamente o desafio que essa aliança pretende: ser um vetor de organização do futuro, um "somatório de gigantes".

– Os países perceberam que no jogo associativo há ganhos para cada um – diz ele.

O mesmo tema foi reforçado pela socióloga Saskia Sassen. Ela defendeu os Brics como o projeto do futuro que deixa pra traz conceitos ultrapassados de hegemonia.

– Os Brics oportunizaram uma nova geopolítica. Eles representam uma plataforma com poder hegemônico de vários países.

A socióloga que desenvolveu o conceito de “cidades globais” enfatizou ainda, no encontro, a relevância da cidade do Rio de Janeiro em seu estudo. Como uma metrópole que concentra grande potencial econômico, o Rio exerce importante papel junto aos Brics, disse ela.

Para o prefeito Eduardo Paes, o Rio tem tudo para ser uma cidade global. Segundo ele, a concentração de grandes empresas brasileiras do setor privado é uma prova disso.

– No Rio temos a Rede Globo, a Vale do Rio Doce e a Oi. A inteligência brasileira se concentra aqui.

Paes aposta ainda em mais um ponto para fortalecer a imagem do Rio de Janeiro como cidade global. Está prevista para maio a inauguração do 1º Centro de Estudos e Pesquisas dos Brics, uma iniciativa do poder público municipal e do Instituto Pereira Passos. O centro contará com o suporte acadêmico do Centro de Ciências Sociais (CCS) da PUC-Rio, em especial do Instituto de Relações Internacionais (IRI), que faz parte do CCS.

Para Luis Roberto Cunha (foto), Decano do CCS, e um dos idealizadores do encontro, a intenção foi gerar temas e debates. Segundo ele, o resultado foi positivo:

– Os palestrantes trouxeram temáticas importantes, como a ênfase na discussão sobre as cidades, questões econômicas de cada país, e também uma interessante abordagem sobre o que une cada nação e o que as separa – afirmou.

Ainda segundo o decano, o centro buscará atingir um padrão de excelência e integrará alunos e pesquisadores dos países que compõem o Brics.

Paes reforçou ainda a relevância do centro com o reconhecimento do Rio de Janeiro como grande pólo internacional de reflexão e pesquisa. Segundo ele, o Brasil precisava desse espaço.

– Ter o Rio como a capital dessa reflexão é muito importante – concluiu.