Projeto Comunicar
PUC-Rio

  • Facebook
  • Twitter
  • Instagram

Rio de Janeiro, 22 de dezembro de 2024


Cidade

O carnaval da inclusão

Evandro Lima Rodrigues e Lucas Soares - Do Portal

11/02/2010

Divulgação

Primeira escola de samba para portadores de necessidades especiais, a Embaixadores da Alegria quebra barreiras da diferença. Criada há três anos por iniciativa de Paul Davis, Caio Leitão e Felipe Nogueira, a escola mais uma vez abrirá o desfile das campeãs do carnaval do Rio de Janeiro, no sábado, 20, às 20h.

O projeto de formar uma escola de samba voltada para as pessoas com necessidades especiais surgiu do inglês Paul Davis. Sensibilizado com a condição dos portadores que não tinham espaço nas grandes agremiações cariocas, ele desenvolveu uma proposta para garantir a acessibilidade que antes era restrita.

Levado à frente em parceria com empresas do setor privado, o projeto cresce a cada ano. A ONG desenvolve ações divididas em dois módulos. O primeiro, denominado módulo cultural, promove os desfiles e abrange outras ações de entretenimento. Já o segundo módulo tem início este ano. Trata-se do módulo social, que pretende formar 400 alunos habilitados a trabalhar na “indústria do carnaval”.

Atividades como arte em espuma e garrafas pet, bem como a confecção de alegorias e adereços são apenas algumas das atividades que serão desenvolvidas ao longo de 2010. Divididos em dez ciclos, as oficinas terão duração de um ano e serão voltadas para os portadores e suas famílias. O barracão compartilhado com a escola mirim Pimpolhos da Grande Rio, na Zona Portuária, que já serve como palco dos ensaios, abrigará as oficinas temáticas.

 Arquivo Pessoal

Felipe Nogueira, coordenador da Embaixadores da Alegria, explica que as oficinas são importantes devido a possibilidade de inserção social. Segundo ele, essa oportunidade ajuda a eliminar o estigma de incapacitados dos portadores de necessidades especiais.

– A partir do aprendizado adquirido, os participantes das oficinas estarão aptos a produzir fantasias, criar enredos e aprender a tocar instrumentos. Eles poderão por em prática essas e outras atividades em qualquer escola de samba – explica o coordenador. 

Este ano a escola traz para a avenida o tema “Sorriso”. Com o enredo “HaHaHa! HiHiHi! Sou embaixador e quero ver você sorrir!”, os integrantes prometem levar o nome da escola ao pé da letra. Com o conceito de integrar famílias e amigos com os portadores, a escola junta todos no desfile que este ano conta com 1500 componentes. Divididos em quatro grandes alas, a escola tem como destaque principal o primeiro carro alegórico adaptado exclusivamente para esses foliões especiais. Construído por uma empresa do setor automobilístico, a alegoria receberá cadeirantes e foliões com problemas de audição.

Valdenice Pimenta é mãe de Eduardo Ferreira, portador de síndrome de down. Há três anos ela desfila com o filho na escola. Para ela, a iniciativa é muito importante. A mãe explica que depois que o filho começou a participar dos ensaios seu comportamento melhorou.

– Ele (Paul) deu oportunidade para as crianças se mostrarem e se desenvolverem – conta, satisfeita, a mãe.

 Arquivo Pessoal

Hoje, Eduardo é embaixador da escola e gosta tanto da folia que já participa de outros desfiles em escolas mirins como a Estrelinha da Mocidade e Mel do Futuro. Valdenice conta que o filho já saiu até na Portela.

O ensaio técnico da Embaixadores da Alegria, aberto ao público, será realizado na quinta-feira, 18, no Sambódromo. Como a escola só desfila no dia das campeãs e não disputa título, já tem lema certo: “A escola de samba que já entra na avenida com nota 10”.