A alegria das férias contrasta com uma ameaça menos visível do que as chuvas fortes, mas igualmente preocupante. Nos dois primeiros meses do ano a quantidade de doações diminui 30%, estima o Instituto Hemorio. Segundo Neuzimar Carvalho, chefe da promoção de doação, a queda é significativa, pois a demanda aumenta justamente nesse período de viagens.
– As pessoas se voltam para outras coisas e acabam esquecendo de doar. Essa é a época em que mais precisamos de doações – observa a enfermeira.
Neuzimar faz um apelo para que as doações também não entrem de férias. Segundo ela, o Hemorio recebe de 350 a 400 bolsas de sangue por dia. No entanto, nos meses de janeiro e fevereiro, o volume diminui e o estoque fica em torno de 250 bolsas.
– Quando o número de doações chega ao mínimo, o Hemorio limita-se a atender os casos de emergência. Cirurgias eletivas, com menos urgência, têm que ser adiadas – explica.
Neuzimar esclarece que o aumento na demanda por sangue nessa época decorre, principalmente, do crescimento do número de acidentes de trânsito e de casos de dengue hemorrágica, mais comuns no verão. Tallita Souza, aluna do 2º período de Engenharia Elétrica da PUC-Rio, teve de se desdobrar, em março do ano passado, para conseguir o sangue necessário à avó do namorado, que passara por uma cirurgia:
– Como o volume disponível no banco de sangue estava no limite, tivemos que organizar um mutirão familiar para doar sangue.
A estudante conta que o episódio a motivou a doar sangue regularmente. Ela costuma ir ao hemocentro três vezes por ano.
Doar sangue é fácil. O doador deve ter entre 18 e 65 anos e pesar mais de 50kg. O Hemorio orienta que o doador não esteja em jejum. Basta não ingerir alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação. Mulheres grávidas ou que estejam amamentando, portadores de doenças sexualmente transmissíveis e usuários de drogas não podem doar.
Na cidade do Rio há cinco centros habilitados à coleta de sangue: Hospital dos Servidores, Hospital Universitário Pedro Ernesto (UERJ), Instituto Nacional do Câncer (INCA), Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (Fundão/UFRJ) e o próprio Hemorio.
Mais informações são encontradas pelo telefone do Disque Sangue (0800-282-0708) e no site do Hemorio.
Medula Óssea
O Hemorio estendeu a campanha para doações de medula óssea, iniciada em dezembro. O Instituto tem cadastrado mais de um milhão de doadores. Segundo a assessoria, o Brasil é o terceiro colocado em número de doadores, atrás só da Alemanha e os Estados Unidos.
A compatibilidade é o maior inimigo para quem precisa de uma doação. A probabilidade de se achar um doador compatível é de um em cada cem mil. Por isso, o Hemorio convida as pessoas a se cadastrarem no banco de doadores.
Para ser um doador de medula, é preciso participar de uma palestra promovida pelo Instituto. O doador ficará cadastrado no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) e poderá ser chamado para a doação da medula óssea, quando seu sistema HLA for compatível com o sistema HLA do paciente que necessita do transplante.