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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Cultura

Música para os olhos

Gabriela Ferreira - Do Portal

27/11/2007

A importância da música na narrativa cinematográfica foi o tema do segundo workshop do "Música em Cena". O diretor Cacá Diegues, o ator José Wilker, o compositor Marcus Viana, o diretor musical David Tygel e o jornalista João Máximo falaram sobre os efeitos provocados pela entrada em cena da música no cinema. “A música agora é algo sem regras. Ela pode dizer qualquer coisa ou nada, mas não deve ser um sublinhamento do que está acontecendo nem se fazer entender por si própria”, disse Cacá Diegues, lembrando que no cinema mudo a música funcionava apenas como confirmação da imagem.

Na opinião do diretor João Máximo, o cinema já foi silencioso, não mudo. Quando começou a “falar”, a música passou a fazer parte da fala dramática. O cinema evoluiu com o som. A possibilidade de se pensar diversas músicas para cada cena aumentou. Antes, as cenas eram gravadas ao mesmo tempo em que a orquestra tocava, por isso não existia ainda a noção de trilha sonora.

Para o ator e crítico de cinema José Wilker, a música é um desafio, pois as cenas são rodadas no silêncio. A leitura do texto passa a ser como uma partitura, que pode ter uma infinidade de tons, de significados que podem ser emitidos em cada palavra. “Eu não sei dissociar o personagem da música, tanto que quando tenho um personagem novo, me pergunto a que gênero musical pertence. Quando se pega um texto, ele está em ruínas. Só vira um edifício depois da investigação dos personagens, depois que as palavras são ditas”, revelou.

Trilhas e mercado

Muitos filmes têm trilhas desenhadas conforme o mercado e estão vulneráveis a mudanças de acordo com os testes de popularidade. O professor David Tygel aprova a idéia, que traz economia de tempo e dinheiro.

- Eu acho justo que façam modificações na trilha em função do mercado, disse.

Já Cacá recomenda escolher o compositor de cada música e dizer exatamente o que se quer. Além disso, não se deve esquecer a diferença entre “trilheiro” e compositor. “Não adianta a música ser bonita e mal gravada ou não ter nada a ver com o filme. O produto final do cinema é o rascunho que ainda deve ser trabalhado com o som. Em ‘Xica da Silva’, por exemplo, tinha certeza que a música seria perfeita se fosse do Jorge Bem Jor”, disse.