Ted Kennedy deixa uma lacuna na política americana. O diagóstico do jornalista e professor da PUC-Rio Arthur Ituassú, doutor em Relações Internacionais, desdobra-se em duas faces. Uma face simbólica, pois a morte do último dos Kennedy, quarta-feira, 25 de agosto, encerra uma grife, uma forma autêntica de conjugar o poder. E uma face pragmática, da qual emerge uma dúvida central: que força prática terá o legado de Ted Kennedy? O presidente Barack Obama contava com a habilidade política de Ted para aprovar, por exemplo, a polêmica reforma do sistema de saúde.
- Ele (Ted) era muito respeitado, e tinha uma maneira diferente de fazer política. Fica o legado de uma das famílias mais importante do país, um exemplo a ser seguido pelos mais jovens. - observa Ituassú.
Para o professor da PUC-Rio, o democrata John R. Edwards, candidato a vice-presidente na chapa do senador John Kerry em 2004, é o mais provável herdeiro dos valores dos Kennedy:
- Edwards possui muitas características em comum com Ted: carisma, aprovação do sistema universal de saúde e o combate à pobreza como uma das principais bandeiras. Mas nunca haverá ninguém igual ao senador. – ressalva Ituassú, permitindo-se um clichê para destacar a originalidade e a ascendência que fizeram de Ted Kennedy uma das principais personalidades do poder central americano.
“Vocês estão felizes em me ver?”. Assim o senador Edward Kennedy abria seus discursos e destilava a empatia que acompanhava os Kennedy. Último político do clã, Ted foi eleito mais de oito vezes ao Congresso americano. Passou 47 anos no Capitólio. Aprovou 300 projetos, como o direito à voto dos negros, o plano de saúde para filhos de famílias pobres e avanços na educação.
Era o mais novo de nove irmãos e irmãs. Entre eles, John F. Kennedy, presidente dos Estados Unidos, assassinado em 1963, seu terceiro ano de mandato; e Robert Kennedy senador, também assassinado (em campanha presidencial no ano de 1968).
Há pouco mais de um ano Ted Kennedy lutava contra um câncer no cérebro, que viria a derrotá-lo nesta semana. Tinha 77 anos. Ex-presidentes e líderes mundiais prestaram condolência aos Estados Unidos e lembraram passagens históricas do senador, além das fronteiras americanas. A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ressaltou que ele "foi um dos primeiros a denunciar os assassinatos e sequestros durante a ditadura no país".
No sábado, dia 29,as homenagens começaram com uma missa de corpo presente na Basílica de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em Boston. O presidente, Barack Obama, e a Secretária de Estado, Hilary Clinton, foram uns dos que compareceram ao funeral. No mesmo dia, o corpo de Edward Kennedy foi enterrado no cemitério nacional de Arlington, próximo a Washington, mesmo local onde os corpos de John e Robert Kennedy estão. Ele deixa a mulher Victoria, os filhos Patrick, Ted e Kara, a irmã Jean e a sobrinha Caroline, filha do irmão ex-presidente.
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