Em outubro, será comemorado o centenário do francês Affonso Eduardo Reidy. Considerado um dos profissionais pioneiros da arquitetura moderna no Brasil, ele é autor de importantes obras na cidade. Entre elas, está o Conjunto Habitacional Marquês de São Vicente, o Minhocão, localizado da Gávea.
O prédio reúne apartamentos dúplex de três quartos, sala, cozinha e banheiro. As áreas comuns contam com uma grande lavanderia, ginásio, onde acontecem eventos, e campo de futebol. Rodeado pela mata do morro Dois Irmãos, a construção tem 308 imóveis e abriga 1500 pessoas. O aluguel custa entre R$ 450 e R$ 800.
O Minhocão possui bloco principal, lavanderias e posto de saúde. Entretanto, além desses lugares, o projeto inicial de Reidy incluía um complexo com 748 apartamentos, escola, creche, igreja, campo para esportes, playground, mercado, teatro, administração e um departamento para serviço social. A construção do Conjunto Habitacional tinha como objetivo abrigar moradores de Parques Proletários que haviam sido expulsos de favelas nos anos 40 pela prefeitura.
– Um tipo projeto como o Minhocão tem arquitetura de qualidade voltada para solucionar os problemas de habitação da classe média e da de baixa renda – diz o professor da Arquitetura da PUC-Rio Marcelo Bezerra.
Reidy
Além de arquiteto, Affonso Eduardo Reidy foi professor da Escola Nacional de Belas Artes, onde se formou. Desse modo, contribuiu para uma geração de profissionais conhecida como “escola carioca”, estilo de produção arquitetônica moderna que se disseminou pelo Brasil entre os anos 1940 e 1950.
O Minhocão não é o único Conjunto Habitacional desenhado por Reidy. O Pedregulho, em São Cristóvão, que reúne 272 apartamentos em uma edificação curvilínea, também é projeto do arquiteto. Ele trabalhou em parceria com o paisagista igualmente centenário Roberto Burle Marx em projetos como o Museu de Arte Moderna e o Parque do Flamengo. O Ministério da Educação, edifício conhecido hoje como Palácio Gustavo Capanema, no Centro, contou com a consultoria de Le Corbusier, liderança de Lúcio Costa e colaboração de Reidy, Carlos Leão, Jorge Moreira e Oscar Niemeyer.
– A arquitetura de Reidy é bem resolvida, racional e limpa na qualidade e na proporção dos espaços. Tem uma atuação correta em termos de desenho, uma referência estudada na questão da simplicidade – considera Marcelo.