O acordo que permite a instalação de sete bases militares norte-americanas (três da Força Aérea, duas da Marinha e duas do Exército) na Colômbia, com o objetivo de atuar no combate ao narcotráfico, tem causado preocupação em governantes de países vizinhos. O assunto esteve em pauta na reunião da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), na segunda-feira, 10, em Quito. O presidente venezuelano, Hugo Chavéz, chegou a dizer que o episódio causaria uma guerra no continente. Outros chefes de Estado fizeram questão de rechaçar a iminência de um conflito. A sugestão do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi convidar o líder americano, Barack Obama, para esclarecer os fatos. Uma reunião na Argentina deve ser agendada ainda este mês.
O cientista político e professor da PUC-Rio Ricardo Ismael atribui as declarações de Chávez a sua postura polítca anti-americana. Segundo ele, o venezuelano se opõe sempre às propostas dos Estados Unidos, embora seja um forte parceiro comercial.
Na PUC-Rio para ministrar a palestra O Governo Obama e a América Latina, o professor de Ciências Políticas da Universidade Estadual de Nova Iorque Bruce Miroff afirmou não haver motivos para que latinos-americanos temam a presença norte-americana na Colômbia. Segundo o especialista, o acordo dá continuidade ao que já estava em andamento no Governo Bush.
- Não quero parecer um mero defensor do governo de meu país, mas não acredito que
Ricardo Ismael concordou com Miroff e disse que os Estados Unidos têm “problemas mais urgentes para resolver”, como a retirada das tropas do Iraque e a crise econômica.
- Não passa pela minha cabeça que Obama esteja pensando em fazer uma incursão na Amazônia, como teme o assessor (da Presidência para Assuntos Internacionais) Marco Aurélio Garcia.
Segundo o cientista político, a melhor solução para a Colômbia seria não precisar da ajuda dos norte-americanos para atuar no combate às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e ao narcotráfico. No entanto, ele entende ser “muito fácil opinar quando se está de fora da situação.”
- Só o Álvaro Uribe (presidente da Colômbia) sabe a real situação do país. Ele tem que combater as FARC todos os dias. Isto não é fácil. Além do mais, não está pedindo a opinião dos países vizinhos, apenas os comunicou sobre o acordo. E, inclusive, veio pessoalmente ao Brasil esclarecer o assunto para o presidente Lula.
Ele complementou afirmando que a parceria favorece os dois países. A Colômbia passa a ter acesso a armas modernas, tecnologia, satélites, além de garantir verbas para o financiamento e modernização de suas bases, necessárias no combate às FARC. Os Estados Unidos, por sua vez, assentam base em território sul-americano.
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