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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Mundo

Muita retórica e pouco avanço nas negociações ambientais

Carolina Barbosa e Suzane Lima - Do Portal

14/07/2009

 Alfonso Romero

A expectativa criada pelo presidente americano, Barack Obama, ao incluir o aquecimento global na reunião do G8 foi diluída por promessas de longo prazo e pela renitente falta de consenso. Reunidos em Áquila, Itália, os líderes dos sete países mais desenvolvidos do mundo e da Rússia priorizaram assuntos como crise econômica e comércio exterior. A pauta ambiental pouco andou. O grupo liderado pelos Estados Unidos concordou em reduzir em 80% as emissões de gases poluentes até 2050, mas exigiu que o time dos emergentes (Brasil, México, Índia, África do Sul e China) reduza a emissão em 50%.

Apesar do resultado inconsistente do encontro, o jornalista e professor da PUC-Rio André Trigueiro considera "um grande avanço" o fato de Obama, ao contrário do antecessor George Bush, ter levado os problemas climáticos para a mesa de negociação. André critica a redução de 80% da emissão de gases a perder de vista: até 2050. Para ele, deveriam ser estabelecidas metas intermediárias, em prazos mais curtos.

- Os Estados Unidos estão assumindo a sua culpa. Obama promoveu uma ruptura em relação aos anos Bush, estabelecendo metas domésticas para a diminuição da emissão de gases.

O jornalista acredita que um acordo entre os principais países poluidores passa pelos entraves políticos:

- O tempo do político é o tempo do mandato. É importante que eles tomem uma decisão para o futuro. Se continuarmos nesse jogo de empurra, todos vamos perder.

A professora Adriana Silgueira, do Departamento de Geografia da PUC-Rio, está pessimista. Avalia que as metas impostas pelo G8 aos países emergentes, como o Brasil, são impossíveis de serem cumpridas:

- Para haver uma redução das emissões, é preciso mexer no padrão de desenvolvimento. Essas mudanças não acontecem de uma hora para outra. Mas, se essa meta for alcançada, o mundo vai mudar completamente.

Economista graduado pela PUC-Rio e comentarista ambiental da Globo News e da CBN, Sérgio Besserman acredita que a novidade do encontro foi a meta “altíssima” de 80%. Uma decisão, entretanto, "tardia":

- Essas medidas deveriam ter sido tomadas há muitos anos. Precisamos de metas mais profundas e objetivas. Temos que descarbonizar a economia, ou seja, procurar alternativas às fontes energéticas que produzem gás carbônico: crescer poluindo menos.

Estabelecido em 1997 como uma cartilha ambiental para o globo, o Protocolo de Kioto propõe a redução da emissão de gases causadores do efeito estufa em 5,2% em relação aos níveis de 1990. O protocolo expira em 2012. A próxima oportunidade para firmar novas metas com o objetivo de frear o aquecimento global será na cúpula da ONU sobre o clima, no fim do ano, na Dinamarca. Até lá, espera-se que os Estados Unidos consigam liderar discussões sobre uma alternativa viável.