Não é de hoje que a violência no ambiente escolar é uma questão relevante. Alunos, professores e diretores de escolas públicas e particulares enfrentam o problema com frequência e não sabem ao certo o que fazer para por fim à situação.
Esse comportamento pode ter seu início vinculado a vários fatores. A gênese desse tipo de violência é construída nas diversas relações conflituosas vivenciadas pela criança na sociedade, podendo ser em casa, na comunidade e também na escola. Ao estar em contato constante com esse padrão de conduta, ela se apropria e repete ações.
A frequência e a intensidade das atitudes também interferem na vida dos estudantes, refletindo de forma nociva nas relações sociais, no aprendizado e produzindo transtornos de conduta, além de dificultar o desenvolvimento dos alunos.
Segundo a professora do Departamento de Psicologia da PUC-Rio Mariangela Monteiro, os jovens lidam com a violência de maneiras diferentes.
- Por vezes, elas se tornam agressivas. Ficam deprimidas, agitadas e acabam não respeitando as figuras de autoridade, que nesse caso é o professor.
Ao contrário do que se pensa, a agressão física não é a única forma de violência escolar. Sofrimentos de ordem social, econômica e abusos simbólicos também estão na lista das causas desse comportamento hostil.
- Humilhações, rechaço às diferenças, exclusão, dominações e autoritarismo são igualmente formas de atingir de maneira bruta o outro e isso pode trazer problemas psicológicos- afirma.
Mariangela ressalta ainda que parte do problema é causada pela cultura dos conflitos já enraizada na sociedade.
- Em uma comunidade na qual a convivência tende a ser perpassada de conflitos e ações violentas, é normal que essas condutas sejam reproduzidas nas instituições, entre elas, a escola.
Outro fato que merece atenção são os meios de comunicação, presentes no dia-a-dia dos jovens. Como eles estão em contato constante com outras pessoas e interagem com diferentes grupos sociais, os mecanismos culturais também podem interferir nesse comportamento.
- A programação da TV, a mídia, os jogos eletrônicos podem influenciar as condutas violentas, principalmente, se passam a ser um componente quase exclusivo na formação das crianças. Sem a participação de alguém que as ajude a entender, por meio de uma análise crítica, e ofereça outras referências culturais, elas não saberão quais são as ações corretas.
É importante observar que a solução do problema deve estar associada às diferentes formas de expressão de que o aluno lança mão. Campanhas contra a violência no ambiente escolar também são importantes e podem inibir agressões. De acordo com a professora, é necessário conquistar a confiança do jovem e mostrar que um diálogo com os agentes educadores é possível.
- É preciso conversar com a criança, conhecer seu sofrimento e, assim, compreender a violência vivida por ela. Caso não procure alguém para relatar, é preciso abordar o assunto, colocar-se disponível para ajudá-la a enfrentar a situação – conclui.