Considerada um trunfo por acadêmicos e empresários, a inovação tecnológica adquire também a missão de eliminar fronteiras. No dia 28 de maio, em Washington (EUA), especialistas discutirão os caminhos para unir a América em torno da ciência e tecnologia. "É uma proposta de aproximação entre países do eixo que vai do Canadá à Argentina", explica o vice-reitor administrativo da PUC-Rio, o engenheiro Luiz Carlos Scavarda, representante brasileiro no encontro Engenheiros para a América. Nesta reunião, que precede a 29º Assembléia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Scavarda debaterá casos como a extração de petróleo em águas profundas pela Petrobras.
Para o professor da PUC-Rio, a competitividade internacional está ligada à inovação; e só é possível alcançá-la por meio de uma maior integração entre a universidade, o setor produtivo, a sociedade civil e o Estado. A proposição (ou o alerta) de Scavarda encontra suporte na comissão brasileira que participará do encontro internacional: ao professor da PUC-Rio, juntam-se representantes da Confederação Nacional das Indústrias e do governo.
– Unir instituições diferentes é difícil, mas necessário. Temos a tarefa de aproximar países e conectar pessoas de áreas distintas – observa o vice-reitor.
Na opinião de Scavarda, os projetos sustentáveis esbarram, em parte, na oferta de profissionais qualificados aquém da ideal. O vice-reitor acredita que haja um déficit de engenheiros tanto na América Latina, quando nos Estados Unidos. Ele reforça a importância, nesses tempos de crise, da "formação de recursos humanos com a visão do século XXI", para a qual o apoio efetivo dos governos é essencial:
– Temos que formar pessoas com compreensão de ações de sustentabilidade, energia e questões sociais. A sociedade precisa perceber que o engenheiro de hoje não é igual ao profissional de 10, 20, 30 anos atrás. Ele tem de ser empreendedor.
Apesar dos obstáculos internos e externos, as práticas empreendedoras avançam no Brasil, afirma o vice-reitor. A América Latina ainda luta, no entanto, contra o estigma do atraso. Para superar este olhar negativo, o professor mostrará, em Washington, casos que ilustram a capacidade inovadora brasileira. Como a produção de aeronaves da Embraer, a extração de petróleo em águas profundas pela Petrobras e a produção de alimentos pela Embrapa. Apresentará também exemplos de inovação desenvolvidos na PUC-Rio, como o Projeto Lua, do Departamento de Informática.
Coordenado pelo professor Roberto Iarsalimschy, o Projeto Lua é uma linguagem que facilita o uso de programações de computador. Ajuda, por exemplo, a personalizar o ambiente nos chamados jogos multiplayers, com vários jogadores em rede, como o World of Warcraft. Criado na PUC-Rio em 1993, está na versão 5 e é aplicado no Ginga – programa do Sistema Brasileiro de TV Digital – e na mais recente versão do Photoshop, o CS4.
Na primeira fase da reunião, os participantes de diversos países buscarão soluções para um desafio comum: unir setores da sociedade em torno da inovação. "É muito difícil fazer um projeto multinstitucional e internacional", reconhece Scavarda. Segundo ele, os especialistas deverão tomar cuidado com a politização do debate.
– O lado técnico, desde que tenha uma visão social e ambiental, facilita a aproximação dos países, pois não há ideologia. Não vamos discutir, por exemplo, se Cuba deve ou não participar – esclarece.
Em aproximadamente meia hora, Scavarda mostrará emblemas de inovação na PUC-Rio e na América Latina. Para ele, a região tem de tirar proveito da "grande área agriculturável", tanto para a produção de alimentos, quanto de biocombustíveis.
– A América Latina tem que aprender a usar suas vantagens competitivas de uma forma um pouco mais integrada – ensina.
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