Carolina Barbosa e Rafaella Mangione - Do Portal
05/05/2009Há 20 anos a queda do Muro de berlim redirecionava a história. Suas implicações, mais extensas do que o ocaso comunista, abastecem discussões recorrentes. Até 8 de maio, especislistas vão debater, na PUC-Rio, o legado do fato que marcou a reunificação alemã. Aspectos como a retomada democrática nos países do Leste Europeu e as oscilações econômicas serão revisitados no congresso internacional Além do Muro 1989-2009, organizado pelo Instituto de Estudos Avançados em Humanidades (IEAHu) da universidade.
- A queda do Muro não simbolizou apenas a reunificação da Alemanha, mas também a dissolução dos regimes comunistas do Leste Europeu. Agora que estamos há quase vinte anos destes eventos, podemos analisá-los com mais propriedade, sem o calor do momento - observa o jornalista Rossano Pecolato, coordenador do Instituto.
Doutor em Filosofia e representante da corrente de pensamento denominada Pensamento 89, Pecoraro afirma que o encontro mostra-se "extremamente atual", pois estabelece uma relação com a crise econômica mundial:
- Do ponto de vista teórico, este é o colapso do liberalismo. Duas décadas depois, o regime que se vangloriou da derrota comunista está em crise. Com isso, voltamos a pensar em Marx, mas sem aquela operação sangrenta de antigamente.
Os debates foram abertos na segunda-feira, 4 de maio. Na palestra A causa da ética ou a ética da causa”, a psicóloga Virgínia Ferreira destacou que a moral é o “objeto próprio “ da ética, sem a qual os homens não podem viver.
- A ética da causa busca a universalidade das questões, enquanto a causa da ética tem o bem como valor central. A ética nasce no momento em que o homem interage com o meio social. – explica.
Na palestra seguinte, DieBl6uhende Landschaft (paisagem Florida, em português), José Cláudio Dias Guimarães, mestrando em letras da UFRJ, discutiu os efeitos da queda do Muro. Para ele, a Alemanha sofreu, na época, um terrorismo que tornou a sociedade paranóica.
- Com a queda do Muro, o povo não sabia quem governava mais. Ficou um vácuo no poder. As pessoas que estavam viajando não conheciam mais o caminho de volta para casa - avaliou.
Com programação eclética, o congresso abriu espaço também para abordagens religiosas. Em Os conflitos civilizacionais e a religião no contexto pós-guerra, José de Magalhães afirmou que a religião nunca foi um fenômeno puro, sempre esteve ligada ao poder político.
- Grandes religiões dão seguimento a grandes civilizações. O Estado deve procurar trazer a razão para os conteúdos religiosos. A religião faz parte de nossa realidade, não podemos desprezá-la - ressaltou o mestrando em Filosofia do Direito na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Hedegger e a política depois da Guerra Fria foi o assunto discutido por Daniel Nascimento, estudante de Filosofia da PUC-Rio. Depois de afirmar que o campo econômico é o "espírito da técnica", ele traçou seu dignóstico do remédio adotado pelos americaanos:
- O governo dos EUA precisou recorrer à nacionalização dos bancos para atenuar a crise. Foi um fato estranho, pois esta é uma medida adotada especialmente por governos socialistas, não por capitalistas.
Estudante da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Nathalia Locks estabaleceu uma conexão entre o nazismo e a comunicação de massa. Na palestra A ciência a serviço da barbárie: uma sociedade sob o predomínio da razão instrumental, ela lembrou que a propaganda nazista adormecia a razão e fortalecia o homem bárbaro.
- Após o nazismo, assistimos na TV ao espetáculo da razão instrumental. Podemos observar o uso de técnicas nazistas nos meios de comunicação da indústria cultural. Isso leva ao fim da liberdade e do indivíduo - acrescentou.
As discussões variadas, tendo como pano de fundo a queda do Muro, seguem até a sexta-feira, 8 de maio. Mais de 50 palestrantes brasileiros e estrangeiros movimentam os dabates. Clique aqui para consultar a programação completa.
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