Depois de Machado de Assis, outro grande nome da literatura brasileira foi homenageado pela PUC-Rio nesta ano: Guimarães Rosa, um dos principais autores do regionalismo nacional. Em 1908, quando Machado morreu, Rosa chegou ao mundo. Tornou-se referência, vanguarda, fonte de pesquisas. Nos debates organizados pela Coordenação Setorial de Desenvolvimento, do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), especialistas discutiram as peculiaridades da escrita de Rosa e a forma como ele falava do sertão nordestino.
- Nos romances regionalistas anteriores, havia um narrador onisciente que só falava a norma culta e o povo que falava errado. Com Guimarães, houve um tratamento diferente: entrou o popular dentro do literário, com uma riqueza inestimável - explicou Heloísa Barbosa, professora do Departamento de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro .
Outro tema recorrente na obra do escritor mineiro são as crianças. A figura infantil aparece não só como personagem (observada no conto “A margem da alegria”, por exemplo), mas também refletida na narração de Rosa. Ele brinca com a linguagem, faz dela um jogo, cria palavras e apaga a fronteira entre crianças e adultos.
- Na nossa cultura, continuar na chave da brincadeira, do jogo, do mágico, depois que se cresce, vira algo negativo. E não é isso o que a gente vê na obra de Guimarães Rosa. Esse universo mágico continua presente na relação do adulto com o mundo, é uma coisa que não se perde – ressaltou Denise Ramalho, doutora em Literatura Brasileira pela PUC-Rio.
O professor do Departamento de Artes e Design da PUC-Rio Nilton Gamba Jr. acrescentou:
- Rosa tinha uma postura lúdica em relação à linguagem. Ele se constitui como criança no ato de narrar, e tem permissão cultural para lidar com neologismos, com criações formais dentro da linguagem.
Guimarães Rosa é celebrado pelo talento como escritor, mas ele também era médico e diplomata. Nos 59 anos de vida, escreveu um romance, considerado uma das principais obras da literaturabrasileira: “Grande Sertão: Veredas”.
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