Entre as entrevistas com os remadores de Copacabana, do documentário Fugere Urbem, e o bebê invisível da comédia Pseudociese, os estudantes que lotaram o auditório do RDC, na primeira Mostra Curtas, em agosto, acompanharam histórias interessantes. Os contadores foram alunos do sexto e sétimo períodos de Cinema. Eles produziram os oito curtas-metragens, entre documentários e filmes de ficção.
O documentário Cinema é maresia, de Diogo Cavour, foi um dos mais comentados entre os estudantes. Ao costurar uma série de entrevistas com grandes cineastas brasileiros, como Cacá Diegues e Walter Lima Jr., o filme apresenta uma análise dos cineclubes e do “fazer cinema”.
– Gravamos 25 fitas, tivemos um trabalho intenso de edição. Com entrevistas tão boas, foi muito difícil cortar e ter que escolher o que era mais importante. No fim, achamos que podia estar melhor, mas o pessoal parece ter gostado do resultado – contou Diogo.
O professor José Mariani, responsável por orientar os alunos na realização dos documentários, ressaltou a importância do gênero para a aprendizagem:
– A formação de todo cineasta deve começar com o documentário, pois é quando se aprende a fazer cinema olhando para o outro.
O resultado, acrescentou Mariani, é proporcional ao envolvimento dos estudantes no processo de produção do filme, para o qual o trabalho de pesquisa mostra-se essencial:
– A pesquisa ajuda o aluno a se envolver com o projeto. Quando uma equipe participa com interesse da realização de um filme, isso se reflete no resultado. Os curtas apresentados demonstram um grande potencial.
Entre os filmes de ficção, a comédia Pseudociese, de Eduardo Albuquerque, levou o público às gargalhadas. O curta conta com humor a história de uma gestação imaginária de uma jovem mulher casada ("pseudociese" é o termo técnico para gravidez psicológica). As situações desconcertantes provocadas pelo bebê imaginário – especialmente as tiradas do “pai” (Marcelo Adnet) – revelam-se hilárias.
Filmes produzidos por alunos do curso de Cinema, inaugurado há menos de quatro anos, ganham espaço no mercado. O documentário Remo usai – Um Músico Para o Cinema, de Bernardo Uzeda, por exemplo, levou o prêmio de Melhor Documentário da Competição Brasileira de Curta-Metragem no festival É Tudo Verdade, no começo do ano. A ficção Apenas o Fim, de Matheus Souza, também foi premiado nos festivais de cinema do Rio e de São Paulo.