Maria Clara Parente - aplicativo - Do Portal
03/09/2015A atualidade de alguns nomes importantes na construção do pensamento ocidental do século XX, como Jean-Paul Sartre, Gilles Deleuze, Hannah Arendt e Roland Barthes será discutida no compósio Três franceses e uma alemã, a partir de amanhâ, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Parceria entre o Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, o Consulado Geral da França e o Instituto Goethe, a série de encontros pretende debater como os diferentes se aplicam a questoes atuais associadas a literatura, política, sociedade, educação, arte, explica o professor de Comunicação Gustavo Chataignier, um dos idealizadores do seminário.
A outra curadora, Clarisse Fukelman, também professora do Departamento de Comunicação da PUC-Rio, ressalta que a “ideia é privilegiar o confronto entre dois pensadores em torno de um tópico e mostrar que a força desses pensadores não morre com eles”. Os organizadores do compósio lembram que o ano de 2015 é "especialmente feliz" para a escolha dos pensadores:"São 20 anos do falecimento e 90 de vida de Deleuze, 110 anos de vida de Sartre, 40 anos da morte de Hannah Arendt e centenário de Barthes. Além disso, Clarisse lembra a importância deste tipo de iniciativa para a formação universitária, pois permite o compartilhando de saberes e pontos de vista fora do ambiente acadêmico: “Essa experiência de ir ao seminário, dentro da própria visão do teórico Walter Benjamin, quando ele fala das mudanças da indústria cultural, o simples deslocamento, de você sair de seu casulo, da sua rotina, de romper isso, de estimular esse apetite novo, já é um aprendizado importante.”
A professora destaca, ainda, a ousadia dia do formato, segundo ela, relativamente incomum:"Acho que é um registro de um modelo de trabalho do intelectual ou do professor que não existe em outros países. No Brasil, há uma quantidade considerável de pessoas que se arriscam a criar esse tipo de experiência."
Programação do seminário 9 de setembro, 18h30 O que pode o pensamento: sujeito e juízos de valor O tema da ação em Arendt instiga a reflexão sobre as condições internas do pensamento, e suas conexões com a ação, o tempo e o juízo. Sartre, na radicalidade de suas posições e propostas, nos leva a pensar a atualidade. Ele fez do existencialismo (filosófico, literário e político) uma filosofia inovadora e ativa, mesmo tendo raízes em Kierkegaard e Heidegger e apesar de críticas a seus pressupostos subjetivistas. Com: Renato Lessa e Danilo Marcondes Mediação: Clarisse Fukelman e Gustavo Chataignier 14 de setembro (2ªf), 18h30 A rua, a casa e o gabinete: escritas de vida e modos de ação do intelectual Considerando as relações entre teoria e prática e o pensamento de um intelectual à luz de sua biografia, Sartre revela os efeitos da leitura e da ação na formação do indivíduo. Barthes revela um entendimento particular sobre engajamento, discurso de autoridade e força da literatura. A percepção de cada um sobre modos de conectar ação e palavra iluminam o contemporâneo. Com: Tiphaine Samoyault e Jacques Leenhardt Mediação: Clarisse Fukelman 16 de setembro (4ªf), 18h30 Relações educadoras e práticas políticas Tomando Deleuze professor, filósofo, educador do pensamento e pensador da educação, indaga-se o que ele nos ensina para pensar e praticar relações educadoras, nos dias de hoje. Por outro lado, Arendt encaminha o debate sobre autonomia do sujeito e princípios libertários, a partir de processos da prática política, em contraposição à violência e à força do poder econômico. Com: Walter Kohan e Marion Brephol Mediação: Gustavo Chataignier 21 de setembro (2ªf), 18h30 Alteridade, imagem, arte e imaginação Na filosofia, psicanálise, antropologia, política ou nas artes, Deleuze privilegia a abertura para a multiplicidade, para energias diferenciais, e repudia formas estanques. Barthes, ao criar modos próprios para pensar os processos de subjetivação, a arte e a escritura, e a imagem e a imaginação, constrói novos e ampliados sentidos sobre vida, arte e cultura, inscritas no agir contemporâneo. Com: Roberto Corrêa dos Santos e João Camillo Penna Mediação: Tânia Rivera 23 de setembro (4ªf), 18h30 Política, ação e experiências narrativas Arendt dá subsídios para dimensionar politicamente crises do mundo contemporâneo, o totalitarismo e a faculdade de julgar. Seu modo de pensar repercute em seu modo de escrever e sua teoria da ação pode ter como aliadas formas literárias. Deleuze aposta no pensamento como reinvenção; ressalta o espaço literário como laboratório de experiências, acionando memória, imaginação e o apagamento do eu no fluxo do real. Com: Eduardo Jardim e Karl Eric Schollhammer Mediação: Filipe Ceppas 24 de setembro (5ªf), 18h30 Admirável mundo novo: instrumentalização e pensamento nômade Arendt critica certos usos das ciências, em sintonia com suas ideias sobre juízo político, poder, violência, memória e sujeito legislador. Deleuze e Guattari iluminam o fenômeno recente de ocupações das cidades, pouco apreensível pelas ciências sociais e políticas tradicionais ou pelo campo da arte strictu sensu. O pensar nômade ou anti-totalitário de Arendt e Deleuze se abre à afirmação ativa, avessa à instrumentalização do cotidiano. Com: Wolfgang Heuer e Barbara Peccei Szaniecki Mediação: Adriana Braga Dia 28 de setembro (2ªf), 18h30 Modos de escrita: da linha ao labirinto Ao praticar diferentes tipos de escrita e ao entender leitura como escritura e vice-versa Barthes subverte as barreiras entre escrita e crítica e provoca o “rumor da língua”. Deleuze revela a estreita ligação entre a filosofia e a literatura. Ele ajuda-nos a compreender tendências poéticas modernas e a produção escrita de autores contemporâneos. Com: Christian Prigent e Ana Maria Amorim Mediação: Ítalo Moriconi |
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