Andressa Pessanha - aplicativo - Do Portal
27/02/2015O legado da Olimpíada, se depender do entusiasmo dos organizadores locais, vai apagar o sentido pejogativo adquirido em associações à Copa do Mundo nas manifestações de junho do ano passado, quando a palavra virou, na voz das ruas, sinônimo de mau uso de dinheiro públco. "Os Jogos serão para todos", sintetizou o assessor do presidente da Empresa Olímpica Brasileira (EOM), Gustavo Faria, ao apontar para os estudantes de Publiciadde de PUC-Rio, na sexta-feira passada, a sustentabilidade e a inclusão como as duas metas mais representativas que se somam aos avanços de mobilidade e infraestrutura urbanas.
Para chegar ao pódio sustentável e social, os estrategistas da principal competição do planeta pretendem multiplicar pela cidade a adesão à filosofia "Jogos para todos". Esperam, sobretudo, o engajamento de jovens entre 18 e 25. Para estimulá-lo, contam com o reforço do time de futuros publicitários da PUC-Rio, "desafiados" a potencializar a comunição neste sentido, inclusive aos voluntários em potencial.
– Temos uma série de ferramentas e inciativas para engajar todos os públicos. Queremos que todos façam parte, que estes Jogos sejam para todos. Vemos um compromisso da população, e acreditamos que até 2016 será uma grande festa – ressalta o diretor de Engajamento do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Benjamin Paz.
A convite do professor de Publicidade Marcos Barbato, Paz e outros executivos envolvidos na organização olímpica convidaram os alunos a desenvolver estratégias voltadas à participação cidadã nos Jogos. Algo que abrange não somente as 100 mil pessoas que pretendem se voluntariar, mas também a para quem quer participar de outras formas. "Não é uma campanha propriamente dita, pois o desafio é para a criação de um projeto de produto cuja matéria prima seja a vontade de realizar e empreender" explica Barbato. O engajamento do público jovem é um dos pontos-chave do chamado "Projeto 2016", centrado em construir uma herança comprometida com a sustentabilidade e com o avanço social, enfatiza a especialista em relações públicas do COB, Fabíola Bemfeito. "Pretende fortalecer valores como amizade, respeito e excelência", acrescenta.
Serão 12 trabalhos desevonlvidos, quatro por turma. Destes, três serão selecionados e avaliados por representantes da PUC-Rio, EOM e Rio 2016. O dia da apresentação está previsto para o dia 3 de dezembro, ainda sem confirmação. Será realizado no auditório da Empresa Olímpica, local de maior facilidade de todos os executivos participantes estarem presentes, segundo o professor.
Engrenagem importante, e emblemática, para a adesão social aos Jogos Olímpicos no Rio, o programa de voluntários vai selecionar 100 mil participantes: 45 mil para competições olímpicas e 35 mil para as paraolímpicas. Já são mais de 100 mil inscritos, de 180 países. “Temos uma procura boa, e queremos mais voluntários. Estamos otimistas”, anima-se Fabíola. A diretora de Comunicação da EOM, Marta Tellez, aponta a competição como "uma oportunidade única tanto para se divertir com os amigos quanto para se voluntariar". Como as inscrições estão abertas até o próximo dia 15, ela reitera: “Engaje seus amigos, familiares e colegas”.
Despoluição da Baía e avanços em mobilidade: compromissos prioritários
A dois anos da Olimpíada, o Rio corre não só para construir a participação social e o tal legado sustentável, mas para garantir os dividendos de infraestrutura – esportiva e urbana – e mobilidade prometidos. Em avaliação recente de representantes do Comitê Olímpico Internacional (COI), as obras referentes a instalações fixas e temporárias corresponde ao cronograma traçado. Os 13 espaços em construção e 11 em reforma consomem um orçamento de R$ 6,5 bilhões. Faria assegura que "tudo será entregue como foi combinado".
No encontro com os estudantes, ele reforçou que a Olimpíada legará à cidade transformações “poucas vezes vistas”, que se converterão, depois dos Jogos, em "melhor qualidade de vida para os cariocas, desde a mobilidade urbana até tratamentos de resíduo e despoluição da Baía de Guanabara". Compromisso assumido com o COI, a despoluição de 80% da Baía até 2016 é uma meta ousada, sobre a qual paira um espectro de desconfiança decorrente das tentativas que se arrastam por, no mínimo, 20 anos, desde a criação, em 1994, do Programa de Despoluição da Baía de Guanabara, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e pelo Banco Japonês para a Cooperação Internacional (JBIC). Havia consumido cerca de US$ 750 milhões quando foi encerrado, em 2006. No ano seguinte, a iniciativa passou a ser capitaneada pelo Programa de Saneamento dos Municípios do Enterno da Baía de Guanabara (PSAM), mas o sonho ainda depende de esforços coornedados entre os tais 15 municípios, as esferas de governo, a iniciativa privada e a sociedade. Talvez a Olimpíada, acreditam alguns ambientalistas, possa catalisar esta integração.
Outro compromisso com o COI remete ao fechamento o Aterro Jardim Gramaxo, em Duque de Caxias. A medida integra o repertório das “medidas sustentáveis” priorizadas pela Empresa Olímpica, em parceria com os Comitês Olímpicos Brasileiro e Internacional. Já a Transcarioca, a Transolímpica e a Linha 4 do metrô integram o carro-chefe das obras destinadas à mobilidade, cujo orçamento se insere nos R$ 24,1 bilhões reservados para a infraestrutura.
– Criamos três regras: o Rio vai realizar os Jogos de acordo com sua capacidade, sem construções exageradas, como o Cubo de Água, em Pequim; vamos nos inspirar nos Jogos de Barcelona (1992), como oportunidade para mudar a vida na cidade; e faremos desta a "Olimpíada Havaianas": bonita e confortável para todos – brinca o assessor da EOM.
Em termos de instações esportivas, um das mais prestigiadas estruturas temporárias é a arena de handebol (Hall Olímpico 4). Construída só para os Jogos, dará lugar a quatro escolas, cada uma com capacidade para 500 alunos. “Não queremos deixar elefantes brancos na cidade”, frisa Paz, numa referência a espaços que se tornam ociosos depois de grandes competições. Ele salienta que o “legados do Rio 2016” envolve a inclusão dos cidadãos nos âmbitos cultural, educacional, urbano e esportivo.
“Fluxo de pessoas em 10 horas de Olimpíada será equivalente ao de sete dias de Copa”
Desde o planejamento das obras, a EOM se reuniu várias vezes com moradores do entorno dos espaços esportivos e das obras de infraestrutura. "Os vizinhos olímpicos participaram deste canal de comunicação para que transtornos fossem evitados. O nosso objetivo é continuar em contato para que os 42 jogos em uma só cidade sejam agradáveis ao máximo”, diz Fabíola. Ela compara com a Copa:
– A Copa do Mundo ocorreu em 12 cidades. Já a Olimpíada reúne 42 jogos só no Rio. Temos que estar preparados para isso o quanto antes.
Com exceção do futebol, que terá partidas também em Belo Horizonte, Salvador, São Paulo e Brasília, as demais competições serão disputadas na capital fluminense na maioria dos 16 dias da Olimpíada e dos 11 da Paraolimpíada.
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