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Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2024


País

Na contramão das abstenções, idosos são fiéis às urnas

Andressa pessanha - Do Portal

06/10/2014

 Andressa Pessanha

Enquanto cerca de 2 milhões e meio deixaram de votar no estado do Rio, o correspondente a 20% de abstenção, o casal Nilda Lopes e Elias Rubim descartavam a opção do voto facultativo. Aos 82 e 85 anos, respectivamente, eles fizeram questão de caminhar até as zonas eleitorais, em Jacarepaguá, para reforçarem o apoio não só aos canditados, mas, sobretudo, à democracia. “Meu pai era político em Espírito Santo e sempre falava para votarmos. Gosto de participar da política, quero mudar o Brasil”, justifica Nilda. “É importante que todos participem, independente da idade”, completa.

Segundo o Tribunal de Justiça Eleitoral (TSE), os idosos representam 17% do eleitorado brasileiro, um acréscimo de 1,72 ponto percentual em relação ao registrado na eleição anterior, em 2010 (15,29%). No domingo em que mais de 140 milhões de brasileiros ganharam as urnas, milhões de eleitores acima de 70 anos somaram-se ao casal Nilda e Elias. Alguns deles ali mesmo em Jacarepaguá, na Zona Oeste. Acompanhado de “um grande amigo e ajudante”, o cadeirante Washington Brugger, de 77 anos, foi à luta:

Enquanto eu tiver condições, vou à luta. Votei conscientemente, espero que meus escolhidos vençam para o bem de todos – orgulhava-se.

Assim como Washington Brugger, para o qual o voto é, acima de tudo "um dever cívico", Vânia Cruz acredita no engajamento político como instrumento de avanço democrático e socioeconômico. Aos 72 anos, a aposentada votou “em prol das mudanças e de novos governantes no poder”. Ela lembra que "não basta votar, é preciso fiscalizar" a produtividade dos eleitos. Por isso, conta Vânia, guarda os números dos candidatos escolhidos. 

– Se a população não está satisfeita com quem está no poder, deve buscar uma política que melhor corresponda àquilo em que deseja para o nosso país – reitera.

Eleitores entre 16 e 17, para os quais o voto é igualmente facultativo, também foram às urnas. O TSE constata, contudo, uma queda da participação dos jovens de 0,66% para 0,34%. Para o ciestista político e professor da PUC-Rio Ricardo Ismael, um "fator geracional" explica, em parte, o engajamento dos idosos:

– Evidente que os idosos estão preocupados com a Previdência, reajustes, saúde pública, uso das pensões pagas pelo INSS, além do tratamentos por remédios da rede pública. É um componente é geracional, ou seja, minha geração estava muito ligada à ideia de votar. Já a geração atual acha que a politica não necessariamente se passa pelo voto. Para eles, a ideia de que “voto representa mudança” é menor. Estão mais submetidos a protestos sociais. Além disso, os problemas atuais os desencantam – avalia.