Gabriel Camargo - Do Portal
01/10/2014Anthony Garotinho em 2002, Luiz Inácio Lula da Silva em 2006 e Sérgio Cabral em 2010 – os dois primeiros candidatos à Presidência, e o terceiro, para o governo do estado – alcançaram boa margem de votos vindos da Baixada Fluminense. Agora, na corrida ao Palácio Guanabara, a região é disputada por estas três forças políticas: Garotinho (PR) com sua base formada por pastores pentecostais e políticas populistas; Lindberg Farias (PT), utilizando a imagem de Lula e do Bolsa Família; e Luiz Fernando Pezão (PMDB), em busca dos votos de seu antecessor e padrinho político.
Em Duque de Caxias, por exemplo, os três candidatos são fortes. O munícipio, com população estimada em 878.402 pelo IBGE, tem uma grande parcela de beneficiários do Bolsa Família, o que pesaria a favor do petista Lindberg. Porém, nas eleições para governador em 2006 e 2010, com o PMDB vitorioso nos dois pleitos, Sérgio Cabral conseguiu ótimos números na região, e Pezão pode se beneficiar disto. Ao mesmo tempo, o cientista político César Romero Jacob, autor do Atlas das condições de vida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (disponível para download), credita o alto número de votos da Baixada Fluminense para Garotinho (PR) ao seu primeiro mandato:
– Durante o mandato como governador, entre 1998 e 2002, Garotinho montou uma base poderosa na região da Baixada Fluminense para tentar a Presidência. Fez alianças com pastores pentecostais e políticos populistas, e conseguiu ótimo número de votos nas eleições presidenciais de 2002 principalmente naquela região. No segundo turno, apoiou Lula, que aumentou seu rendimento na Baixada e venceu José Serra (PSDB).
Apesar de ter se beneficiado pela transferência de votos de Garotinho no segundo turno das eleições para a Presidência em 2002, Lula construiu uma boa base de eleitores principalmente com programas sociais (mapa ao lado), de que Lindberg pode se aproveitar nesta eleição:
– Lula foi apoiado por Garotinho no segundo turno em 2002, e por isso conseguiu um bom número de votos na Baixada em relação ao primeiro turno. Em 2006 e 2010, já com Dilma Rousseff, conta como ponto favorável uma série de medidas e programas que beneficiaram moradores da região: Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, ProUni, Pronatec, além de ele ter se articulado com pastores pentecostais. E Lindberg está usando a influência de Lula para conquistar os votos desta região.
A tendência é de que a decisão vá para o segundo turno: na última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 2 de outubro, Pezão liderava com 30% das intenções de voto, seguido por Garotinho com 21%. Marcelo Crivella e Lindberg, respectivamente com 17% e 13%, e o candidato do PSOL, Tarcísio Motta, com 6%.
Orla carioca sem favorito
Além da concorrência na Baixada Fluminense, outra região é alvo de disputa entre os concorrentes ao Palácio Guanabara, esta por não ter nenhum "dono". Historicamente, a orla da Zona Sul do Rio destina grande parte de seus votos para o PSDB ou candidatos afins, como Denise Frossard (PPS) e Fernando Gabeira (PV), preferidos da região nos últimos dois pleitos. Neste ano, não há um nome identificado ao "perfil da orla", de acordo com Romero Jacob:
– Se, nas últimas eleições para governador, a Zona Sul sempre tinha um candidato, neste ano nenhum se encaixa no perfil da orla carioca. Marcelo Crivella (PRB) tem muita força na Zona Norte, especialmente no Grande Méier, por conta das igrejas. Já Garotinho, Lindberg e Pezão têm os votos concentrados na periferia.
Enquanto Garotinho aposta nas críticas ao atual governo por priorizar a Zona Sul em detrimento da Baixada Fluminense e do interior do estado em suas propagandas eleitorais, Lindberg Farias busca um meio-termo para não descartar o eleitorado da região:
– Lindberg também tenta conquistar essa área; é jovem, bem apessoado. Em sua propaganda eleitoral ele não ataca a Zona Sul, e sim tenta apresentar a intenção de propagar o que acontece de bom na orla para a Baixada, por exemplo.
Romero Jacob, porém, aposta que será Luiz Fernando Pezão quem herdará os votos dos "órfãos" da área mais nobre da capital fluminense, por mais que Sérgio Cabral não tenha conseguido bons números nos pleitos em que disputou (no segundo de 2006, por exemplo, no mapa ao lado), principalmente pela rejeição à Garotinho, que na última pesquisa Datafolha (2 de outubro) liderou o índice de rejeição com 48%:
– Possivelmente apostarão no voto útil em Pezão, para que Garotinho não vença no primeiro turno. Escutei muitas pessoas falando isso. Apostaria que Pezão, principalmente por este "apoio" da Zona Sul disputaria o segundo turno com Garotinho.
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