Mais de 250 pessoas – estudantes, na maioria – lotaram o RDC, dia 9 de outubro, para ver a pré-estréia de Última parada 174, que entrará em cartaz na próxima sexta-feira, 24 de outubro. Candidato verde-amarelo ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o longa de Bruno Barreto despertou a expectativa dos estudantes em torno de uma nova leitura do drama acompanhado, ao vivo, por milhões de telespectadores em 2000. Mesmo com o auditório reforçado de cadeiras extras, dezenas de jovens assistiram ao filme em pé. Depois da exibição, participaram de um debate com o diretor e os atores Marcelo Melo Jr. e Michel Gomes.

Mediadas pelo cineasta Marcelo Taranto, professor do curso de Cinema da PUC-Rio, as discussões esclareceram a intenção do diretor Bruno Barreto ao filmar a ficção. Ele quis interpretar a realidade e não recriá-la.

– O Bruno tem uma tragetória respeitável no cinema, seu filme traz um tipo de discussão que está em pauta: a frustração como elemento motivador de violência. A mesa-redonda foi bem diferente, pois além de discutir informações sobre o filme, levantou questões sobre cinema interessantes para os alunos – avaliou Taranto.

Bruno Barreto aproveita o seqüestro do ônibus 174, há oito anos, para contar a história de Sandro Nascimento – desde a sobrevivência à Chacina da Candelária até a morte presumível no desfecho trágico do episódio no Jardim Botânico.

Ao mesclar cenas de tensão com passagens até espirituosas, o filme provocou reações diversas nos espectadores. A intenção, esclareceu Barreto, não era construir um filme com alta adrenalina, por isso as cenas mais tranqüilas.

Maria Carolina Palomino, estudante do primeiro período de Comunicação Social, chegou cedo para assistir ao filme e disse ter gostado muito:

– Esperava que a cena do ônibus fosse ser a melhor, mas me surpreendi. O início é muito melhor. A iniciativa de ver o filme antes da estréia é muito interessante, adorei.

O documentário Ônibus 174 (2002), de José Padilha, foi um dos parâmetros que levaram Bruno Barreto a rodar Última parada 174. O filme de ficção, contou o diretor, tenta responder as perguntas em aberto.

– Desde que vi o documentário de Padilha, ficou claro para mim como queria contar essa história. – lembrou Barreto.

Última parada 174 chegou à PUC-Rio por meio do projeto Brazucah, que leva filmes em lançamento às universidades. A iniciativa pretende inserir os estudantes na produção cultural e construir pólos de discussão sobre as produções exibidas.