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Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2024


Cidade

PUC-Rio dará assistência a estudante preso

Gabriel Camargo, Giovanni Sanfilippo* - aplicativo - Do Portal

17/10/2013

 Maria Christina M. Corrêa

Cerca de 900 estudantes, professores e funcionários da PUC-Rio manifestaram repúdio contra a prisão de estudantes que participaram da manifestação de professores na Cinelândia, terça-feira, 15. Entre os presos estavam Rodrigo Campos Castello Branco, formado em Cinema pela universidade em 2011 e aluno de pedagogia da UFRJ, que permanece na Penitenciária Alfredo Tranjan, ou Bangu 2; e Ciro Oiticica, aluno de Relações Internacionais, já liberado, a quem a PUC-Rio dará assistência jurídica. Eles foram acusados de formação de quadrilha ou bando. No fim do dia, a juíza Claudia Pomarico Ribeiro, da 21 ª Vara Criminal, revogou a prisão preventiva dos 31 manifestantes, que aguardavam a decisão ser entregue para serem libertados.

O vice-reitor Comunitário da PUC-Rio, Augusto Sampaio, afirmou que a prisão arbitrária lembra os tempos da ditadura, em que as pessoas eram detidas sem explicação, e que os jovens brasileiros têm, mais que o direito, o dever de se manifestar politicamente:

– A PUC-Rio quer formar cidadãos, que têm que ter consciência política. Eu apoio quem reclama, seja a favor ou contra. As pessoas têm que se manifestar. Eu me preocupo com os alienados. Esperamos que exista uma classe de estudantes que lute por mudanças no Brasil, estudantes com preocupação política, que não vivam na alienação.

Augusto conversou nesta quinta-feira com o pai de Ciro, e antecipou que se encontrará com o estudante, a quem ofereceu apoio jurídico:

– O reitor, padre Josafá Siqueira, também quer encontrá-lo. A PUC vai ajudá-lo a resolver o problema.

Uma carta aberta foi entregue à Reitoria na tarde desta sexta-feira, com 900 assinaturas colhidas em menos de 24 horas.

Fabian Cantieri, também formado em Cinema pela PUC, foi com Rodrigo à manifestação e presenciou a prisão do amigo:

– Eu estava filmando a manifestação e me afastei em direção à Rua Araújo Porto Alegre. De repente, vi uma correria em direção à Câmara de Vereadores, de manifestantes, imprensa. A polícia começou a fazer um cordão de isolamento e a prender as pessoas que estavam na escadaria. Prenderam todos sob acusação de flagrante sem haver, de fato, um flagrante – contou Fabian, acrescentando: – Se eu não tivesse saído, também estaria preso.

De acordo com Fabian, Rodrigo não é ligado a nenhum partido político:

– Ele gosta de enfatizar que não é nem de esquerda, nem de direita. Condena a ação da polícia como está sendo feita, e entende os black blocks como uma estratégia de defesa, mas não faz parte do grupo.

Os jovens presos foram levados de ônibus naquela madrugada para a 25ª Delegacia Policial (São Gonçalo), e depois transferidos para Bangu. Advogados do Instituto de Defensores de Direitos Humanos (IDDH) defendem os jovens, e providenciam um habeas corpus coletivo, mas foram surpreendidos com a transferência para a penitenciária – a mesma em que está preso o pastor Marcos Pereira, acusado de estupro.

Marília Muniz Leal, namorada de Rodrigo, também estava presente no ato público e testemunhou a prisão, realizada por policiais militares:

– Rodrigo é contra os excessos da polícia e a política do prefeito Eduardo Paes e do governador Sérgio Cabral – acrescenta a jovem, que conseguiu falar com o estudante enquanto ele estava na delegacia, por celular e mensagens de texto, mas desde então perdeu contato. – Ele estava calmo.

Na quinta-feira, 17, dezenas de estudantes da PUC fecharam a Autoestrada Lagoa-Barra, sentido São Conrado, no acesso ao Túnel Acústico, em protesto contra a prisão dos colegas. 

Instituto de Defensores de Direitos Humanos e DCE manifestam apoio

O DCE PUC-Rio divulgou a seguinte nota: “O DCE PUC-Rio, gestão Roda Viva, vem a público informar a situação de uma série de manifestantes, que na noite de ontem (dia 15 de outubro) foram arbitrariamente detidos pela Polícia Militar enquanto exerciam pacificamente seu direito constitucionalmente garantido de reunião e livre expressão. Dentre estes manifestantes, temos conhecimento de pelo menos um estudante de Relações Internacionais e um ex-aluno de Cinema. Todos estariam detidos na 25ª DP e, até onde consta, serão encaminhados para o IML e em seguida para Bangu, onde ficarão encarcerados em um presídio. Repudiamos veementemente a truculência e a arbitrariedade com que age nossa polícia, em total desrespeito aos limites da legalidade impostos pelo Estado Democrático de Direito. Diante desta situação, após termos contatado todas as instituições competentes, internas e externas à PUC-Rio, pedimos a todos/as que divulguem estes fatos. Todo apoio aos estudantes da PUC-Rio e aos manifestantes!”

O Movimento Ocupa Câmara Rio pede aos simpatizantes que qualquer mobilização em solidariedade aos presos e às famílias dos presos seja realizada em frente à Câmara Municipal, na Cinelândia. “Esta situação é séria e complicada, pois compromete a integridade dos colegas”. Eles informam que os presos disseram aos advogados que seu desejo é que não seja feita nenhuma manifestação na área do presídio, para não comprometer a visita aos demais internos, o que poderia resultar em retaliação aos jovens. O IDDH publicou a seguinte nota em sua página: “A Secretaria Estadual de Administração Penitenciária alegou que possíveis manifestações na porta do presídio trariam insegurança para a unidade”.

* Colaborou Igor Novello.