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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Cultura

Editoras universitárias atuam juntas para ampliar público

Guilherme Simão - Do Portal

10/09/2013

 Guilherme Simão

Sem muito espaço nas livrarias, as editoras universitárias apostam nas grandes feiras literárias, como a Bienal do Livro, para divulgar sua produção acadêmica, apresentando seus principais títulos e os lançamentos do ano também ao público em geral. Reunidas no mesmo espaço na Bienal, as editoras universitárias não concorrem entre si. Pelo contrário, elas se ajudam, indicando aos visitantes os espaços de outras editoras onde podem encontrar as obras que procuram.

As editoras universitárias se concentram nos estandes coletivos da Abeu (Associação Brasileira das Editoras Universitárias), que reúne 112 editoras, entre elas a Editora PUC-Rio; e da LEU (Liga das Editoras Universitárias), formada em 2010 pelas editoras de USP (Edusp), Unicamp, UFMGUFPA, UnB e pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

O público-alvo das editoras são os estudantes universitários e professores, que têm entre 20% e 30% de desconto na compra de livros. Nas bienais, as obras de maior apelo para o grande público são exibidas em posições de destaque. Na Editora PUC-Rio, os livros que mais chamaram a atenção foram A propaganda brasileira depois de Washington Olivetto, do publicitário e professor do Departamento de Comunicação João Renha; Amamentação e o desdesign da mamadeira, de Cristine Nogueira Nunes; e Favelas do Rio de Janeiro, de Rafael Gonçalves. A professora Lívia Salles, assistente editorial da Editora PUC-Rio, afirma que a Bienal estreita o contato entre estudantes e a universidade.

– Na feira, podemos conhecer melhor o nosso público, porque quem comercializa os livros que publicamos são as coeditoras. Por exemplo, percebemos que há interesse por parte de estudantes que estão prestes a ingressar na faculdade.

Guilherme SimãoCompartilhando grandes estandes, as editoras dividem os custos de exposição e a responsabilidade pela organização e pela segurança. Para o diretor comercial da Editora UFRJ, Julio Dias, os estandes coletivos das associações ajudam o público a conhecer as editoras universitárias: 

– O público às vezes nem sabe da existência das editoras universitárias. Então, o estande coletivo acaba funcionando como um chamariz. Quando o visitante vai ao estande, acaba conhecendo as editoras, especialmente as vinculadas a instituições de ensino menores.

O representante comercial da Editora Unesp Francisco Campos Júnior explica que a proximidade entre as editoras permite que elas colaborem entre si:

– Cada editora ajuda a divulgar o trabalho das outras. O objetivo principal não é vender os livros, mas sim divulgá-los. O cliente muitas vezes não compra o livro no estande da feira. Ele prefere adquirir a obra na livraria depois de conhecer melhor o catálogo da editora.

O analista de tecnologia da informação Leonardo Vasconcelos costuma ler os catálogos das editoras universitárias para encontrar obras específicas. Ele visitou o estande da Abeu na Bienal do Rio.

– Gosto de olhar os catálogos das editoras, porque neles encontro livros mais raros e acadêmicos – afirma.  

Guilherme SimãoPara Francisco Campos Júnior, da Editora Unesp, a feira é o momento de as editoras mostrarem sua produção ao grande público.

– Nosso objetivo é fazer com as publicações não fiquem limitadas ao ambiente acadêmico. Estamos adaptando a linguagem das obras para atender às demandas do mercado de trabalho, que exige cada vez mais conhecimento multidisciplinar.

Segundo Julio Dias, da Editora UFRJ, as editoras universitárias, em comparação às comerciais, têm mais liberdade para publicar obras de interesse público.

– As editoras universitárias não precisam produzir livros de apelo comercial para vender imediatamente. Temos a preocupação de formar bons leitores.