As revoluções inglesa, americana, francesa e russa, cada qual à sua maneira, se relacionam e mostram vestígios nos momentos revolucionários do tempo presente, acredita o historiador Maurício Parada, professor dos Departamentos de História e Comunicação da PUC-Rio. Parada vai ministrar curso sobre o legado desses momentos revolucionários na Casa do Saber, em quatro encontros semanais, a partir desta segunda-feira, dia 2. Em entrevista ao Portal PUC-Rio Digital, o professor antecipa alguns dos temas de que vai tratar no curso O que as grandes revoluções nos ensinaram:
Portal PUC-Rio Digital: Qual é a importância de estudar as grandes revoluções?
Maurício Parada: Estamos em um momento propício para discutir o sistema político moderno. As manifestações em várias partes do mundo tornam esse debate uma pauta presente. O curso pretende mostrar como as revoluções se relacionam com o contemporâneo. Elas foram momentos de turbulência marcados pelas demandas por direitos e representação. O objetivo era tornar a sociedade mais igualitária e mais satisfatória para os indivíduos. Atualmente, vemos alguns movimentos políticos com propósitos semelhantes, mas hoje há a peculiaridade das mediações tecnológicas. Mas é difícil saber se eles são revolucionários. As revoltas no mundo árabe, por exemplo, refluíram. Vivemos num tempo de muitas dúvidas.
Portal: O que caracteriza essas revoluções?
Parada: Um ponto comum nessas revoluções é a busca pela ampliação dos direitos, de modo que não sejam exclusivos de alguns setores da sociedade, mas partilhados democraticamente por todos. Quanto à forma, as revoluções são definidas pela espontaneidade e carregam um grau de imprevisibilidade. Elas são um processo caótico e irregular: avançam e refluem. Suas metas, em certos momentos, podem ser consideradas impossíveis. Muitos programas e agendas disputam o mesmo espaço. Então, não é uma novidade que os protestos atuais não sejam organizados. As revoluções modernas são caracterizadas pela ruptura e pela descontinuidade. Rompe-se com a tradição e se tenta afastar de um futuro considerado intolerável: há a percepção de que não é mais possível viver no mundo na situação em que ele se encontra.
Portal: A democracia representativa atual passa por uma crise?
Parada: De fato, há uma crise de representatividade no contexto político brasileiro. Mas considero o momento positivo, no sentido de que há reivindicações para a democracia funcionar melhor. Há uma pauta de reivindicações para a sociedade brasileira avançar. Não há protestos contra a democracia, mas sim por mais democracia. É preciso reformular a dinâmica da política, para que mais atores sociais participem dos debates institucionais.
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