Luz, câmera, ação. Para os alunos da PUC-Rio, fazer cinema já é uma realidade desde 2004. O Prêmio ABC de Cinematografia 2008, organizado pela Associação Brasileira de Cinematografia, discutiu, com representantes dos cursos de cinema da PUC-Rio, Estácio de Sá, UFF e da Facha, a importância da produção de filmes universitários. Os especialistas debateram, no primeiro semestre deste ano, os caminhos do ensino cinematográfico e as prioridades de cada universidade.
“Estamos alfabetizando os alunos, que chegam sem saber o que é diafragma, lente etc.”, observou Marcelo Taranto, professor da PUC-Rio. Para ele, o curso ainda dá os primeiros passos, mas seu destino final é a excelência. Titular das cadeiras Projeto de Filme 2, na qual alunos criam curtas de ficção, e Direção em Fotografia, Taranto considera essencial o suporte técnico para impulsionar a criatividade e as habilidades desenvolvidas pelos estudantes. Ele destacou que cada filme universitário recebe, por exemplo, uma câmera modelo HVX completa, som digital, eletricista, produtor de elenco, além de R$ 4 mil.
Ao lado de Taranto, estavam Márcio Riscado, da Facha; Inês Aisengart, da UFF; Breno Lira da Estácio e Ziza Dourado, da Escola de Cinema Darcy Ribeiro (ECDR). Todos apostavam no crescimento da formação universitária em cinema. Formado pela PUC-Rio, Riscado acredita que a Facha também terá um curso de cinema:
– Nossa especialização é na produção jornalística, voltada mais para responsabilidade social. Mas a habilitação em cinema chegará.
Ziza, da tradicional ECDR, ressaltou a importância da abrangência no ensino. Disse que a escola abrange "todas as classes sociais":
– Temos uma escola de cinema livre, com curso de duração de um ano e meio. Um terço das vagas é destinado a instituições carentes. Trabalhamos com a idéia de equipe, pela qual todos cooperam com o trabalho criativo um do outro. Isso vai contra o individualismo extremo de hoje.
Representante da UFF, a ex-aluna Inês salientou a liberdade proporcionada pelo curso de cinema aos estudantes:
– A autonomia é essencial para o aluno desenvolver as capacidades aprimoradas no curso, para dar vazão às idéias na cabeça.
Para Inês, a livre-iniciativa é um elemento-chave na produção universitária. Projetos independentes dos alunos contam com total apoio da UFF, enfatizou a ex-aluna. Ela ressalvou, no entanto, que a preservação do acervo merece atenção especial.
Há quatro anos como supervisor da distribuição dos filmes dos alunos e coordenador da sala de projeção da Estácio, Lira reforçou a necessidade de conservar o acervo. "Queremos formar um profissional apto para esse trabalho quando sair da universidade", disse ele.
Os especialistas alertaram para um das principais armadilhas que rondam a trajetória acadêmica dos futuros cineastas: a síndrome dp “meu filme”, na qual todos sonham em ser os diretores e esquecem a importância de outras funções, talvez menos glamourosas porém indispensáveis. Com ou sem glamour, ser cineasta envolve, além da criatividade, técnica e muito estudo.
Das salas de aula para as telas
Em cena, a produção cinematográfica universitária
'O Mambembe': novo musical de Rubens Lima Jr
Rio recebe marcos da paisagem paulistana
Agência Pública vai abrir centro de jornalismo
Documentarista reúne teoria e prática em curso