Na ocasião dos cem anos da morte de Machado de Assis, cariocas e turistas têm a oportunidade de realizar um passeio pelo centro histórico do Rio de Janeiro, que mostra a evolução e transformação da cidade. A visita guiada “O Rio de Machado de Assis” é uma caminhada de duas horas por locais em que o autor e seus personagens transitavam e que relembra o Rio Antigo. É um percurso que passa por diversos monumentos e construções como o Arco do Telles e o Paço Imperial.
Montada e guiada pelo historiador Carlos Roquette, 54 anos, a visita começa na Praça XV, onde fica o Paço Imperial, construído no século XVIII para ser a casa dos governadores. É onde também está o Convento do Carmo, uma das construções mais antigas do continente americano, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, antiga catedral do Rio no estilo rococó, e o Chafariz do Mestre Valentim, o qual, na época, era fonte de abastecimento de água para os moradores da cidade. Em frente ao chafariz, até o início do século XX, ficava o famoso Cais Pharoux, o primeiro da cidade.
O Arco do Telles, também na Praça XV, foi construído para estabelecer ligação entre a praça e a Rua do Ouvidor. Ao entrar no arco, vemos a maior quantidade junta de prédios do período colonial. “É onde começa a cidade de Machado que, em termos urbanos, era a cidade colonial, e só acabou na época de Pereira Passos (prefeito da cidade de 1902 a 1906)”, diz Roquette. A maioria das construções da época do autor - o sobrado - tinha dois andares: o térreo, utilizado para o comércio, e o de cima, usado pelos proprietários como residência,
Seguindo em frente, encontramos a Rua do Ouvidor. Uma das mais conhecidas ruas comerciais do Rio, tem esse nome porque nela morava o Ouvidor Dr. Manuel Pena de Mesquita Pinto. Nesse trecho, os imóveis com janelas rasgadas e varandas corridas começaram a ser redecorados no final do século XIX. Hoje são quase 1700 preservados, e misturam o estilo da colônia com o do império. Na Rua Gonçalves Dias fica a conhecida Confeitaria Colombo.
Depois de atravessar a Rua do Ouvidor e a Rua Uruguaiana, chega-se ao Largo de São Francisco de Paula, que recebeu o nome por causa da Igreja de São Francisco de Paula. “O interessante na igreja, que é uma das preferidas para casamento até hoje, é a entrada principal no estilo neoclássico com arcos e colunas, mas, olhando para cima, há o estilo rococó da colônia”, comenta Roquette. Também no largo está a estátua de José Bonifácio, confeccionada na França e inaugurada em 1874. E na Rua Luis de Camões está o Real Gabinete Português de Leitura, instituição fundada em 1837. Segunda maior biblioteca pública da cidade com quase 500 mil livros, ela era muito freqüentada por Machado.
O ponto final do passeio é a Praça Tiradentes, que no século XIX tinha ao seu redor uma espécie de centro de diversões. Hoje restam os Teatros Carlos Gomes e João Caetano e, no centro da praça, o monumento público a Dom Pedro I, o mais antigo do Rio.
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