Em meados do século passado apostava-se que as novas tecnologias diminuiriam a jornada de trabalho e aumentariam o tempo livre. Por diversos motivos, a profecia mantém-se distante – o que impõe a boa parte dos pais modernos o desafio de garimpar, na rotina atribulada, um tempo para os filhos. Entre aulas na PUC-Rio, apresentações de programas na CBN, na Globo e na GloboNews e supervisão do site próprio, o jornalista Sidney Rezende tenta encontrar Francisco, de 23 anos, e Maria Clara, de 25.
– Os tempos modernos forçam essa correria. E não é só uma questão unilateral: os filhos também têm menos tempo livre. Fazem cursos de inglês, escolinhas de futebol, balé – observa Sidney.
Embora lamente não ter aproveitado "tudo o que podia" quando os filhos eram mais novos, ele converte as lições acumuladas em duas décadas de paternidade no compromisso quase diário de estar com Maria Clara e Francisco:
– Não acho que intensidade compense o tempo, por isso me esforço para estar com meus filhos sempre que posso.
Professor de sociologia da PUC-Rio, Ronaldo Oliveira diz que a falta de tempo comum aos pais reflete as dificuldades de gerenciamento do tempo na acelerada modernidade:
– Este dinamismo provoca a sensação de que estamos perdendo tempo. Os jovens já vivem isso. Acabamos sentindo que não dedicamos tempo suficiente a nada que fazemos – avalia.
Especialistas ressalvam: a qualidade do tempo revela-se igualmente ou mais importante do que a quantidade de tempo dedicada aos filhos. Pai de 3 filhos, o vigilante Anderson Romão fica distante da família 12 horas por dia, no mínimo. Quando está em casa, tenta compensar a ausência com muito carinho, amor, brincadeira.
– Quero passar o máximo de tempo com meus filhos. Adoro ficar com a minha filha de 2 anos. Esta é uma fase muito boa – derrete-se Anderson.