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Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2024


País

Como será o amanhã: o que vem por aí em 2013

Monique Rangel - Do Portal

18/12/2012

 Arte: eduardo Ribeiro

O ano de 2013 promete ser agitado. Doze meses antes da chegada do tão esperado 2014 – em que o Brasil será sede da Copa do Mundo –, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) e a quinta edição do Rock in Rio no país vão movimentar milhares de pessoas, além de lançar os holofotes para o Rio de Janeiro. No esporte, a Copa das Confederações testará o retorno de Luiz Felipe Scolari à seleção canarinha, além de reestrear o Maracanã. Vai ser preciso fôlego para o ano que começa com a entrada em vigor, agora definitiva, das novas regras de ortografia e, em outubro, a comemoração do centenário de Vinicius de Moraes e Rubem Braga.

Entre todos os eventos, a Jornada Mundial da Juventude promete ser “o mais emocionante do ano”, anunciou o papa Bento XVI. Dois milhões de fiéis deverão participar da 28° Jornada, que será realizada entre 23 e 28 de julho no Rio. A expectativa é grande em torno do encontro internacional de jovens católicos, que ocorre a cada dois ou três anos e teve a última edição em Madri, na Espanha.

A orla de Copacabana será palco de três das cinco grandes cerimônias da jornada. A primeira é a acolhida aos jovens pelo arcebispo do Rio, Dom João Orani Tempesta, no dia 23 de julho; a acolhida ao papa está marcada para dia 25; e a Via-Sacra será realizada na sexta-feira, 26. No fim de semana, a jornada continua na Base Aérea de Santa Cruz, Zona Oeste do Rio. No sábado será a vez da Vigília com o papa e, no domingo, 28, da celebração da Missa de Envio, que marca o encerramento da Jornada.

 Arquivo Pessoal Jovens de 190 países são esperados para a Jornada. O setor de hospedagem do encontro tem como meta abrigar 1,5 milhão de peregrinos. Desde a abertura das inscrições para a hospedagem, no site oficial, já foram cadastradas 165 mil vagas.

– Para hospedar um peregrino não é preciso muita coisa, basta o chão da casa e um banheiro. Não é necessário uma cama ou quarto porque eles trazem até o saco de dormir – conta Camila Bertime, que é voluntária do setor há seis meses.

Católico praticante há 14 anos, o jornalista Anderson Barreto, que foi a Espanha com amigos, em 2011, para participar da Jornada, mal pode esperar “a hora de sentir na pele a mesma emoção de Madri”:

– Foi uma experiência incrível. Senti a grandiosidade de Deus na diversidade. Pessoas de línguas e culturas diferentes com um só propósito: celebrar a fé. Voltei outra pessoa, além de trazer na bagagem uma rica diversidade cultural.

Se para Barreto o ponto máximo do ano será a Jornada, a estudante do 1° período de Relações Internacionais da PUC-Rio Daniela Dias terá que aguardar até setembro para a abertura dos portões da Cidade do Rock. A quinta edição do festival, de 13 a 23 de setembro, vai ter um público de aproximadamente 85 mil pessoas por dia – 15 mil a menos que em 2011. Nove atrações já estão confirmadas, entre elas as bandas de rock Iron Maiden e Metallica. Mas é o cantor Bruce Springsteen o responsável pela ansiedade de Daniela. A fã espera a chegada de abril de 2013 para pôr as mãos em seu ingresso, já que não conseguiu um dos 80 mil Rock in Rio Cards. Os bilhetes se esgotaram 52 minutos depois da abertura da pré-venda, à 0h01 de 30 de outubro.

<<danidias.jpg | Arquivo pessoal| right> – Assim que o site liberou eu fiquei tentando comprar, mas na hora da confirmação dava erro. Eu fiz e refiz todo o processo de novo até aparecer que estava esgotado. Como assim esgotado? Foi muito frustrante – lamenta Daniela, que tentou efetuar a compra pelo computador e por um tablet.

Bem antes de setembro, o Rock in Rio ganhará a Marquês de Sapucaí com o desfile da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. O rock não será o único ritmo a dar o tom na passarela do samba no próximo carnaval: a MPB e a poesia de Vinicius de Moraes (1913-1980), tema da União da Ilha do Governador, também vão estar presentes. As comemorações do centenário do autor de Samba da Bênção, que nasceu em 19 de outubro, marcarão o ano de 2013.

O centenário de Vinícius trará uma série de eventos em homenagem ao poetinha, entre eles o espetáculo infantil Arca de Noé, uma exposição que percorrerá o país, o lançamento de uma caixa de discos e, como não poderia deixar de ser, shows. O primeiro deles, Como já dizia o poeta, realizado na abertura das comemorações, em outubro, no Memorial da América Latina, em São Paulo, teve a participação do Quarteto em Cy (batizado por Vinicius, junto com Carlos Lyra, irmão das quatro cantoras), de Wanda Sá e da filha do poeta Georgiana Moraes.

Outro centenário é o de Rubem Braga (1913- 1990), considerado o melhor cronista desde Machado de Assis e autor de O conde e o passarinho (1936) e As boas coisas da vida (1988). O nascimento do cronista, em 12 de janeiro de 1913, começou a ser comemorado em sua cidade natal, Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, ainda em 2012, com a abertura da IV Bienal Rubem Braga, realizada entre 15 a 20 de maio. Fã de Rubem Braga desde a infância, a jornalista Ana Karla Dubiela já publicou três livros sobre o cronista e pretende lançar o quarto – As cidades de Rubem Braga e Walter Benjamin – flanando entre Rio, Cachoeiro e Paris –, durante a celebração do centenário.

– O que difere Rubem Braga de outros cronistas é que ele começou como crítico e político e depois se destacou pelo lirismo e pela poética – observa Ana Karla, que lançou uma página no Facebook para divulgar a obra de Braga.

Para além das crônicas de Rubem Braga, a Língua Portuguesa, a partir de janeiro, estará – em definitivo – sob a regência do novo acordo ortográfico. O subeditor da Editora PUC, Felipe Gomberg, professor do Departamento de Comunicação, considera que boa parte dos brasileiros já está acostumada com as novas regras porque a alteração foi feita “em parâmetros convincentes e sem grandes mudanças”. A dica do professor, por se tratar de ortografia, é estudar e apelar para os manuais em caso de dúvidas. Ele acredita que os brasileiros, embora reticentes, sofrem menos com a mudança que os portugueses, que são “mais cuidadosos em relação a estrangeirismos no idioma”.

– As regras são simples, mas ainda há pessoas que não se adaptaram porque se acostumaram a escrever de um jeito. Os mais velhos colocam acento circunflexo em “esse” até hoje – pondera Gomberg, que dá aula de Técnicas de Comunicação.

O período de transição, entre 2009 e 2012, em que palavras como “ideia” puderam ser escritas com ou sem acento, de acordo com o professor, foram suficientes para o ajuste no mercado editorial, que deve “levar em consideração as mudanças no idioma estando preparado ou não”:

– O mercado sofre a influência da necessidade de adaptação da língua. As editoras, inclusive a nossa, seguiram a linha de revisar e alterar o conteúdo dos livros à medida que as novas edições eram feitas.

Lucas ImbroiniseNo país do futebol, a frase hit de 2012, “imagina na Copa” ganhará concretude com o primeiro teste para a infraestrutura antes do Mundial do Brasil: a 9ª Copa das Confederações. Entre 15 e 30 de junho, a disputa será realizada entre o país-sede; os campeões continentais (Japão, México, Uruguai, Taiti e o representante africano, que será conhecido em fevereiro); o campeã do Mundial 2010 (Espanha); e a vice-campeã europeia (Itália) – já que a Espanha, vencedora da Uefa Euro 2012, já estava classificada por ter vencido o Mundial na África do Sul.

Com a chegada do ano-novo, o tempo começa a pressionar a organização do preparatório para Copa. Apenas os estádios de Fortaleza e de Belo Horizonte estão prontos para receber os jogos. Rio de Janeiro, Salvador, Recife e Brasília estão a todo vapor para dar conta da tarefa de entregar as arenas até 15 de abril.

– Acho que teremos problemas para a Copa das Confederações. Imaginar que estará tudo 100% é surreal. Os problemas servirão justamente para corrigi-los para o Mundial – avalia Paulo Calçade, comentarista da ESPN.

Para além do teste no quesito estrutura e organização, a seleção também estará na berlinda. O retorno de Luiz Felipe Scolari ao time verde-amarelo, depois do penta, na Copa da Coreia e do Japão, em 2002, tem gerado dúvidas e expectativas que podem se encerrar na disputa. Para Calçade, a “cara do time de Felipão ainda é uma incógnita”:

– É difícil prever o Felipão e o seu comportamento. Assim como não dá para dizer se a mudança vai ser um retrocesso ou um sucesso. Só na hora e nos amistosos, que vão preceder a Copa das Confederações, teremos algumas pistas sobre a direção do novo técnico.