Um dos maiores desafios do próximo presidente americano será tirar o país da crise econômica em que os Estados Unidos mergulharam em 2008, acredita o professor do Departamento de Relações Internacionais da PUC-SP Geraldo Zahran.
– A crise é um elemento estrutural que vai afetar o país no futuro. A corrente que prevalecerá dependerá mais do resultado das eleições presidenciais do que da crise em si. Podemos ter a continuidade dessa atuação pragmática e multilateral, ou um retorno a políticas mais assertivas, caso haja uma vitória republicana. A crise continuará a afetar qualquer presidência – afirma Zahran.
As diferenças de orientação política nos Estados Unidos são tema do livro Tradição liberal e política externa nos Estados Unidos (Editora PUC-Rio), recentemente lançado pelo professor, fruto da dissertação de mestrado do autor na PUC-Rio. Para Zahran, os EUA praticam hoje, na relação com outros países, “a política da administração”:
– Barack Obama rejeitou as tendências unilateralistas do governo de George W. Bush, mas permaneceu com um alto grau de engajamento internacional. A postura de Obama lembra mais o governo de Bush Pai e a administração de Clinton. Ao mesmo tempo, há tendências intervencionistas para a promoção de direitos humanos e ajuda humanitária, como no caso da Líbia – afirma, Zahran, que critica a utilização de aviões não tripulados contra alvos no Paquistão, Afeganistão e partes da África, “que devem continuar, a despeito da crise ou mudança de presidências”.
Zahran é coordenador de pesquisa do Observatório Político dos Estados Unidos (Opeu), instituição brasileira que acompanha a política doméstica e externa do país, e está terminando sua pesquisa de doutorado, sobre as iniciativas dos Estados Unidos na criação de organizações internacionais no pós-Segunda Guerra e em seus processos de expansão e reformulação no pós-Guerra Fria.
Para o autor, os princípios liberais americanos são tão difundidos que vão sobreviver a um possível declínio dos Estados Unidos como potência hegemônica, absorvidos por outras nações e instituições internacionais, como as Nações Unidas, o FMI e o Banco Mundial.
Tradição liberal e política externa nos Estados Unidos foi pensado para pesquisadores e estudantes de relações internacionais, mas Zahran espera que outros estudiosos, como historiadores e sociólogos, também se interessem pela obra:
– O livro é uma tentativa de demonstrar os princípios e valores comuns presentes nas doutrinas e tradições políticas dos Estados Unidos. Qualquer corrente de pensamento político no país, democrata ou republicana, passada ou presente, faz menção à excepcionalidade da sociedade nos Estados Unidos.
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