Ambulantes que trabalham em quiosques e barracas irrregulares na Rua Padre Leonel Franca, entre o Planetário e a PUC-Rio, foram notificados pela prefeitura do Rio nesta segunda-feira para desocuparem a área no prazo de 15 dias. Responsável pela ação, a Secretaria Especial de Ordem Pública (Seop), alega que os vendedores não tem autorização para trabalhar no local.
Segundo Josefa Vera Marques, conhecida como dona Vera, os comerciantes vão à prefeitura para tentar uma negociação. Ela trabalha há 28 anos no local com o marido, Wilson Moreira, no China Papito Club, conhecido por seus salgados recheados.
– Já quiseram tirar a gente daqui muitas vezes. Mas, agora, parece ser mais sério, devido à construção da estação Gávea do metrô – afirma dona Vera.
Denise Martins trabalha há nove anos no local, com a mãe e o irmão, vendendo salgadinhos, e disse que buscará um ponto próximo:
– Se eu tiver que sair, vou para outro ponto. Posso me instalar em qualquer lugar – afirma ela, que paga a escola da filha com a renda.
Márcia Sueli, a popular tia do misto e dos biscoitos amanteigados, tem a barraca há sete anos e não sabe o que fazer se tiver que desocupar a área.
– Estou há duas noites sem dormir. Não sei o que vou dar de comer para a minha filha de 6 anos nem como vou pagar meu aluguel – diz, emocionada.
Ela propõe a padronização das barracas e diz que os ambulantes estão dispostos a pagar uma taxa para trabalhar: “A gente só quer trabalhar em paz.”
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da PUC redigiu um abaixo-assinado contra a retirada dos ambulantes. De acordo com a representante do DCE Luísa Pinaud, as assinaturas já começaram a ser recolhidas. O documento será encaminhado à Prefeitura do Rio e à Reitoria da universidade.
Embora os quitutes – salgados, doces e quentinhas – atendam grande parte dos alunos e funcionários, a universidade não tem responsabilidade pelo espaço público.
Os comerciantes podem pedir a legalização junto à Inspetoria de Licenciamento e Fiscalização da região, que vai avaliar a solicitação. Márcia conta que já tentou se legalizar, mas na ocasião o protocolo foi recusado.