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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Cidade

Bicicleta elétrica quer atropelar a polêmica e ganhar espaço

Monique Rangel - Do Portal

21/05/2012

 Jefferson Barcellos

Uma hora por dia é o tempo que o estudante de Publicidade da PUC-Rio Bernardo Cartolano poupa, há um mês, quando adotou a bicicleta elétrica para ir da casa em Ipanema à universidade. Há 15 dias, desde que a bike do cinegrafista Marcelo Toscano Bianco foi apreendida por policiais da Lei Seca, Bernardo anda preocupado com a polêmica instalada em torno do meio de transporte que ganhou a Zona Sul. A ausência de uma regulamentação específica deflagrou uma queda de braço entre o prefeito Eduardo Paes, que publicou normas de uso para o Rio, e o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), que equipara a bicicleta elétrica a um ciclomotor – o que exigiria emplacamento e habilitação.

Segundo a Secretaria municipal de Transportes, o impasse está perto dp fim: o Denatran já teria aceitado a legislação carioca e estaria criando novas regras nas quais a bicicleta elétrica receberia tratamento semelhante ao das tradicionais. De acordo com o advogado Manoel Messias Peixinho, professor do Departamento de Direito da PUC-Rio, Bernardo e o volume crescente de ciclistas adeptos da e-bike, como são chamadas, "não tem o que temer", pois estão assegurados pela determinação estabelecida pela prefeitura:

– O cidadão está protegido, com a regulamentação feita pela prefeitura. A guarda municipal e os órgãos estatais não podem mais apreender as bicicletas elétricas, sob pena de cometerem abuso de autoridade – esclarece.

 Jefferson Barcellos A possibilidade de poupar tempo e dinheiro com pouco esforço abriu caminho para a expansão de um veículo igualmente aliada do meio ambiente. O transporte (por enquanto) alternativo deverá colocar na garupa da economia global quase US$ 7 bilhões (R$ 14 bilhões) até o fim deste ano, com crescimento de 7,4% em seis anos, estima o instituto Pike Research. Isso significa que em 2018 serão 47,6 milhões das e-bikes circulando pelo mundo. Bernardo conta que adotou de vez a bicicleta elétrica por estar cansado de demorar 40 minutos para ir da casa à universidade, e vice-versa, um trajeto de não mais do que sete quilômetros, entre Ipanema e Gávea:

– O principal para mim é a economia de tempo. Agora saio de casa às 6h45 e chego às 7h. Antes, eu tinha que sair às 6h20 porque o trânsito é um absurdo nesse horário. Às vezes, eu chegava depois de um amigo que mora no Flamengo.

O estudante já enxerga retorno ao "investimento" de R$ 2 mil. Além do custo do veículo, o usuário gasta com a alimentação elétrica da bicicleta: cada ciclo de recarga, que dura seis horas, sai a 30 centavos por hora, em média. "E o estacionamento na PUC ainda é gratuito", acrescenta Bernardo. Ele encontra ainda outra vantagem:

– A bicicleta normal é desagradável porque eu ficaria suado o dia inteiro.

As bicicletas elétricas assemleham-se às convencionais, com a diferença do motor elétrico acionado por bateria. Essas e-bikes pesam cerca de 25 quilos e alcançam uma velocidade, dependendo do modelo, entre 30 a 50 km/h sem a necessidade de pedalar. Por não emitir gases poluentes, reforça o time dos “transportes verdes”. Em setembro de 2009, o governador Sérgio Cabral passeou com uma delas para incentivar a popularização. No entanto, a um mês da Rio +20, conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável, os donos de bicicletas a bateria levaram um susto com a multa e a apreensão do veículo de Marcelo Toscano Bianco, "por guiar sem habilitação, sem capacete e se recusar a fazer o teste do bafômetro".

O caso mostrou que a legislação de trânsito brasileira não acompanhou a evolução da tecnologia. De um lado, o Denatran equipara as bicicletas elétricas aos ciclomotores, como as motos, e proíbe a circulação de condutores sem capacete e carteira de habilitação e de veículos não emplacados. Do outro, a prefeitura do Rio compara aquelas bicicletas às tradicionais e libera o uso para maiores de 16 anos, desde que não ultrapassem 20 km/h. Na avaliação de Peixinho, a regulamentação feita pelo município encerra a confusão:

– O ciclista não precisa ficar em dúvida sobre a quem deve obedecer. A norma carioca é válida. 

Polêmica à parte, Bernardo mantém-se fiel a uma escolha que se revela sinônimo de mudança de hábito:

– Esse é meu meio de transporte agora e eu não vou deixar de ir e vir. As bicicletas de corrida, aquelas que têm roda fininha, podem alcançar mais de 50 Km/h. Se comparada, esta aqui é até devagar – argumenta.

Para pedalar sem susto

Recomendações para aproveitar, com segurança, os 270 quilômetros das ciclovias cariocas:

. Use o capacete;

. Mantenha os freios ajustados;

. Evite descargas completas;

. Ande pela ciclovia;

. Prefira ruas menos movimentadas;

. Não ande na contramão;

. Troque os pneus quando estiverem desgastados;

. Verifique se os pedais, porcas e parafusos periodicamente.