Entre batucadas e tamborins do samba tocados pelas ruas da Lapa, no Rio de Janeiro, instrumentos de corda e sopro viraram ritmos frequentes do local. O bairro, que é conhecido como um dos mais democráticos, abre alas para novos estilos musicais e bandas se apresentarem.

Com o fechamento de casas de show voltadas para a apresentação de banda independentes, como o Cinemateque, em Botafogo, a Lapa acolheu esse grupos. O Teatro Odisseia e a própria Rua Mem de Sá se tornaram palco para apresentações de diversos estilos musicais.

A banda de rock Los Bifes se apresenta com frequência na Lapa. O grupo aposta em letras espirituosas e engraçadas e afirma que a Lapa é um dos poucos espaços no Rio de Janeiro onde as pessoas são receptivas a novos sons.

— O público da Lapa vai para se divertir e deixa os seus preconceitos em casa. Não tem aquelas viradas de olho e aquelas caras de tédio. As pessoas estão ali abertas para novas experiências – diz o vocalista Igor Leão.

Os instrumentos de sopro que embalam o som dançante da música balcânica realizada pelo grupo Go East Orkestar encontrou na Lapa o local ideal para as suas apresentações. Com mais de 20 componentes e influência, o espírito da banda é tocar no meio da rua com chapéu para recolher dinheiro.

— A principal característica da música do Leste europeu é tocar no meio das pessoas na rua e na Lapa é muito comum isso acontecer com outros ritmos musicais. Como tocamos um som pouco conhecido por aqui, as pessoas ficam curiosas, e acho que o público da Lapa é mais curioso. A nossa sorte é que, por ser um ritmo muito animado e dançante, as pessoas acabam sendo conquistadas, porque estão interessadas em dançar e se divertir – afirma o maestro do Go East Orkestar, Daniel Vasques.

Para o produtor musical Thiago Vedova, a pluralidade dos estilos que frequentam o bairro resulta nesta maior receptividade em relação a novidades.

— Eu tenho certeza de que o público do Rio de Janeiro no geral é o mais preguiçoso e menos curioso que existe no Brasil. É um público muito importante de ser conquistado, e a Lapa pode ser considerada a porta de entrada para bandas novas.

Além da implementação de novos estilos musicais na região, a Lapa vem sofrendo modificações no seu cenário. O programa Lapa Legal, realizado pela prefeitura do Rio de Janeiro e coordenado pela subprefeitura do Centro, pretende aumentar o potencial das capacidades culturais e turísticas da região. Segundo a Subprefeitura do Centro e Centro Histórico, serão investidos R$ 12 milhões para restaurar vias, monumentos históricos e modernizar a iluminação do bairro.

* Reportagem produzida para a disciplina Laboratóriode Jornalismo Impresso da professora Carla Rodrigues.