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Rio de Janeiro, 30 de dezembro de 2024


País

Escolas precisam discutir melhor a sexualidade

Tiago Coelho - Do Portal

10/11/2011

A escola precisa se aproximar das questões sexuais vividas pelos jovens. Especialistas em educação, reunidos na PUC-Rio para o I Seminário Latino-Americano de Geografia e Gênero: Espaço, Gênero e Poder, alertaram que instituições de ensino reproduzem padrões de gênero distantes das mudanças sociais e próximos do preconceito.  

A avaliação consensual feita por acadêmicos brasileiros e portugueses é sustentada, por exemplo, pela pesquisa de Maria João Silva, professora da Escola Superior de Educação de Portugal. Em estudo sobre orientação e educação sexual no ensino básico, ela constatou que o ambiente escolar ainda é marcado pelo sexismo, apesar dos avanços alcançados nas lutas pela "igualdade dos sexos". Segundo a pesquisadora, meninos e meninas são orientados a desempenhar papéis que correspondem a estereótipos impostos pela sociedade.

— Ainda há sexismo nas escolas e a manutenção de estereótipos de gênero.  Espera-se um comportamento fixo correspondente aos papeis de meninos e meninas ­— observou Maria João.

A também portuguesa Eduarda Ferreira, da Universidade Nova de Lisboa, afirmou que a discriminação quanto à orientação sexual "ainda é grande" naquele país. Para elas, boa parte das escolas “promove discursos hegemônicos de exclusão”.

Eduarda acredita que tais características sejam observadas no Brasil. Na opinão da professora, a polêmica em torno do "kit anti-homofobia" que seria distribuído nas escolas da rede pública indica uma resistência contra a pluralidade. Nesses casos, propôs Eduarda, o Estado deveria intervir:

— Deve haver uma política contra a exclusão, para dar visibilidade à diversidade das orientações sexuais. Na União Europeia há um avanço nas políticas que punem a discriminação sexual — comparou.

A literatura é um caminho importante para discutir a sexualidade e melhorar este tipo de orientação para crianças e adolescentes, acrescentou a escritora Lúcia Facco. Professora do Colégio de Aplicação da Uerj (Cap-Uerj), Lúcia reconhece que muitas vezes colégios "silenciam quanto ao ambiente de discriminação".

­— Quando os professores se recusam a tocar no assunto sobre orientação sexual, estão assinalando o preconceito ­— ponderou.