O Dia Mundial Sem Carro, realizado anualmente todo dia 22 de setembro, não chegou a alterar o fluxo de veículos nesta quinta-feira na PUC-Rio, a exemplo das principais capitais brasileiras. Até o fim da tarde de ontem ainda não haviam sido divulgados balanços oficiais da adesão no Rio, que participa da ação pelo terceiro ano. Mas a percepção geral é que não houve mudança significativa no movimento de carros nas ruas: os engarrafamentos foram os mesmos de sempre.
Nesta quinta, a fila de carros para entrar no estacionamento da PUC, nos horários de pico, foi a mesma. E, de acordo com funcionários das linhas de ônibus que têm ponto final em frente à universidade, não houve mudanças significativas no movimento. Na PUC-Rio, de 20 pessoas consultadas pela reportagem na quarta-feira, véspera da ação, apenas uma sabia da mobilização; as outras já tinham ouvido falar, mas não sabiam em que dia seria. O aluno de direito Marlus Newton foi o único que estava informado:
– Eu deixei meu carro em casa porque acho a ideia excelente. Ela nos permite repensar a forma de uso de certos bens considerados indispensáveis – diz Marlus, que lembra o caso extremo de São Paulo, que adotou o revezamento de veículos como forma de diminuir os engarrafamentos.
A maioria, no entanto, culpou a divulgação do evento. Bruno Lacerda, aluno de publicidade da PUC-Rio, é um deles:
– Só fiquei sabendo que seria no dia 22 porque li, por acaso, nos comentários de alguém no Facebook. Não vi nada sobre isso em nenhum outro lugar, e isso não foi por falha minha; eu leio jornais online todos os dias. A divulgação foi péssima.
A proposta do Dia Mundial Sem Carro, que começou na França em 1997, é promover uma ação consientizadora quanto ao uso massivo de automóveis pessoais e estimular o uso de meios alternativos de transporte, como a bicicleta. Embora já tenha a adesão de vários países dos cinco continentes, sua expressividade no Brasil ainda é irrelevante. No Rio, a prefeitura preparou diversas medidas para o dia, como a proibição de estacionamento em determinadas ruas do Centro, como Assembleia e Sete de Setembro. No ano passado, quase 600 carros foram multados no Dia Mundial Sem Carro.
O chefe de Parqueamento da PUC-Rio, José Maria Pereira, lembra que a campanha da carona solidária, estimulada pelo Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima), completou dez anos mas ainda não conta com a participação da comunidade:
– As pessoas não têm consciência, só pensam na comodidade. É curioso, mas há alunos e professores que moram a duas ruas da PUC e vêm de carro – conta, desolado.
Para o vice-reitor Comunitário da PUC-Rio, professor Augusto Sampaio, este é um fenômeno cultural e ninguém se interessa, de fato, em resolver o problema.
– Eu me pergunto quando cada um vai assumir a responsabilidade que lhe cabe, sem empurrá-la para o outro. Diminuir o fluxo de carros, na verdade, não é grande interesse de ninguém, nem do governo, que visa os impostos pagos pela indústria automobilística. O que nos resta são ações locais; por mais simbólicas que sejam, elas nos fazem refletir e mudar oa comportamento gradativamente – comenta Sampaio.