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Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2024


Cultura

Vovó é que sabia curar resfriado com chás e ervas

Monalisa Marques - Do Portal

19/08/2011

 Monalisa Marques

A globalização não é um tema restrito às áreas de relações internacionais e comunicação social. Mesmo a botânica sofreu o impacto das aceleradas dinâmicas de interação que afetam o processo de aprendizagem e transmissão de conhecimento às novas gerações. Esta é a essência do livro Saberes e usos de plantas – Legados e atividades humanas no Rio de Janeiro, lançado na tarde desta quinta-feira, 18, na PUC-Rio. Organizado pela bióloga Inês Machline Silva e pela historiadora Ariane Luna Peixoto, o livro reúne estudos relacionados, principalmente, à etnobotânica e à história ambiental do Rio de Janeiro, com o seguinte objetivo: divulgar conhecimentos praticamente em extinção e alertar sobre a necessidade de proteger a diversidade cultural e biológica do Rio de Janeiro, através do diálogo entre o conhecimento erudito e o popular.

Um dos seis trabalhos registrados no livro é a pesquisa "O saber local sobre plantas de uso medicinal em uma escola pública". Com a finalidade de investigar o conhecimento de crianças sobre o uso medicinal de plantas, Ariane e as biólogas Rúbia Graciele Patzlaff e Camila Linhares de Rezende apontam uma mudança no processo de transmissão de conhecimento; se antes ele era valorizado como tradição, hoje existe relutância por parte dos jovens em aprender.

 Monalisa Marques Durante o coquetel de lançamento, o reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, que assina o prefácio (na foto, com Ariane), parabenizou a iniciativa das pesquisadoras e falou sobre a sua importância no cenário atual:

– Nós estamos perdendo o legado dos nossos avós; o livro vem com o intuito de resgatar esta sabedoria.

Observada nos vários estudos, a desvalorização da cultura local está diretamente ligada aos novos hábitos. Em outras palavras, cuidar da saúde hoje passa pela grande oferta de remédios para os mais diversos sintomas e pela facilidade em obtê-los, evidenciando o costume (ou vício) das novas gerações de se automedicar com fármacos. Inês explica:

– O antigo e o novo são universos paralelos que cada vez dialogam menos, perdidos como estão em um mundo em que o descartável impera sobre valores atemporais e permanentes.