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Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2024


Mundo

Professor de Harvard destaca papel da imprensa

Gabriela Caesar * - Do Portal

17/08/2011

A imprensa e a publicidade foram indispensáveis para a independência de Estados, destacaram participantes do seminário História dos Conceitos entre Política, História e Literatura – que reúne, desde segunda-feira, na PUC-Rio, IESP/Uerj e UFRJ, acadêmicos de universidades brasileiras e estrangeiras. Esta terça-feira, na PUC-Rio, o professor David Armitage, do Departamento de História de Harvard, explicou as mudanças e os efeitos da independência americana apontados no seu mais recente livro, Declaração de Independência – uma história global. Segundo ele, os jornais foram decisivos não só aos processos de independência mundo afora, mas à "fixação" de símbolos nacionais, como as bandeiras, e o conceito de pátria:

– A imprensa se tornou indispensável para a revolução, mas ela não era a única que informava a independência. A publicidade também fez sua parte – ressalvou.

Desde 1809, disse ele aos aproximadamente 50 espectadores no auditório B8, os movimentos de criação de estados se proliferaram pelo mundo. O calouro do total de 193 estados é, ainda de acordo com o professor, o Sudão do Sul, instituído em 9 de julho deste ano.

– Só os pinguins da Antártica não vivem em um Estado. Hoje, o mundo é retalhado em estados independentes – reforçou.

Armitage recordou duas personalidades que considera importantes no período de independência: John Adams e Emmer de Vatter, também primeiro vice-presidente dos EUA. Filósofo e diplomata, Adams preconizava a autonomia do Estado. No entanto, as autonomias e os ideais convertidos em revoluções e Constituições, entre os últimos anos do século 18 e o começo do século 19, assumiram contornos distintos em função dos contextos históricos específicos, observou o professor de Harvard. O grau e a forma com que se disseminaram dependia, entre outros fatores, das informações propagadas nos conteúdos editoriais e publicitários.

Na opinião de Armitage, o olhar dos historiadores revelou-se igualmente determinante ao curso das propostas e retóricas embutidas nas formações dos estados independentes. O especialista identifica uma "forte tendência" de contar histórias globais:

– O historiador intelectual tem, em geral, resistência a seguir essa tendência de produzir histórias universais, globais – ponderou.

Para a professora do Departamento de História da PUC-Rio Maria Elisa Mader, a discussão multidisciplinar torna-se essencial à melhor compreensão da História e à busca de formas mais precisas e consistentes de contá-la:

– O marco desse seminário é conseguir unir não só três instituições diferentes – UFRJ, PUC e UERJ – como três departamentos diferentes – Literatura, História e Ciências Políticas.

* Com colaboração de Thaís Bisinoto