Gabriela Caesar - Do Portal
10/08/2011Originada de um projeto de 1998 da organização internacional Médicos Sem Fronteira, os Médicos Solidários completam dez anos baseados na visão integrada de saúde. Inclusão social, experiências culturais e educação revelam-se "remédios" eficientes, observa o homeopata Hélio Holperin, coordenador da ONG e professor da Escola Médica da PUC-Rio. Assim comprovam iniciativas como o projeto Cultura é saúde, que leva crianças pobres a museus, teatros, espaços culturais. O Portal PUC-Rio acompanhou a visita de 25 crianças, entre 10 a 16 anos, do Lar Fabiano de Cristo, de Duque de Caxias, às exposições I am a clichê e História da moeda no Brasil, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
Pela primeira vez no CCBB, a estudante Eliane Pereira, da 6ª série da Escola Estadual Adelina de Castro, logo percebeu uma aplicação cotidiana para o que via:
– Gostei de aprender mais sobre a moeda e ver as variações de nota desde antigamente. Quando descobri o assunto da exposição, eu me interessei porque posso usar o conhecimento em matérias da escola – animou-se a menina de 12 anos.
Os amigos Gabriel Matheus, de 15 anos, e Rodrigo Dolores da Silva, de 16, exploravam o CCBB pela segunda vez. Gabriel lamenta a distância da cultura do seu cotidiano. Ele culpa a longa distância (dos grandes polos culturais) e a falta de companhia.
– Estou vendo moeda, dinheiro. Só que eu gosto mais de animais. Na verdade, sou louco por animais, preferiria ir ao zoológico – confessou o adolescente, enquanto observava a exposição sobre a história da moeda no país.
Para a professora de artes plásticas Veronica Alves, que acompanhava o grupo, esse tipo de experiência estimula o aprendizado. Segundo a educadora, há cinco anos na instituição, os pré-adolescentes e adolescentes têm mais chance de guardar o conteúdo da exposição que o das aulas. “Bem positivo e mais motivador”, avalia Veronia, ao término da visita.
O aluno do 7º período de serviço social da PUC-Rio Nelson Felix, de 25 anos, também acompanhava a turma de estudantes de Caxias entre os corredores do CCBB. Há um ano, Nelson trabalha como voluntário da ONG Médicos Solidários. Morador da Rocinha, ele começou a seguir esse caminho ao conhecer a opção de uma amiga, Tamires Alves, na época aluna de graduação da PUC-Rio e hoje mestranda. Ele bateu o martelo ao assistir a uma palestra do curso de Pré-vestibular Comunitário da Escola Parque (Pecep), em 2007. No ano seguinte, ingressou na PUC-Rio, mas, dez anos antes, já tinha dado reforço escolar a crianças da Rocinha, na Casa Espírita Cristã Maria de Nazaré.
Hoje Felix também faz curso de inglês, duas vezes por semana, graças à bolsa que conseguiu pelo Fundo Emergencial de Solidariedade da PUC-Rio (Fesp). Desde o ano passado, é estagiário dos Médicos Solidários. Já acompanhou crianças pobres em visitas ao Teatro Municipal, ao Zoológico, à Quinta da Boa Vista e ao Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF). Enquanto ajuda a ONG a cumprir o desafio de melhorar a saúde e a qualidade de vida de moradores de comunidades do Rio, Nelson espera, com otimismo, resposta para participação em pesquisa científica na PUC-Rio.
Serviço
As exposições visitadas, I am clichê e História da moeda no Brasil, estão abertas ao público de terça a domingo, das 9h às 21h. Ambas são gratuitas. A primeira vai até dia 2 de outubro e a segunda é permanente no CCBB.