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Rio de Janeiro, 26 de dezembro de 2024


Cultura

ONG voltada à saúde aproxima crianças pobres da cultura

Gabriela Caesar - Do Portal

10/08/2011

 Eduardo de Holanda

Originada de um projeto de 1998 da organização internacional Médicos Sem Fronteira, os Médicos Solidários completam dez anos baseados na visão integrada de saúde. Inclusão social, experiências culturais e educação revelam-se "remédios" eficientes, observa o homeopata Hélio Holperin, coordenador da ONG e professor da Escola Médica da PUC-Rio. Assim comprovam iniciativas como o projeto Cultura é saúde, que leva crianças pobres a museus, teatros, espaços culturais. O Portal PUC-Rio acompanhou a visita de 25 crianças, entre 10 a 16 anos, do Lar Fabiano de Cristo, de Duque de Caxias, às exposições I am a clichê e História da moeda no Brasil, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Pela primeira vez no CCBB, a estudante Eliane Pereira, da 6ª série da Escola Estadual Adelina de Castro, logo percebeu uma aplicação cotidiana para o que via: 

– Gostei de aprender mais sobre a moeda e ver as variações de nota desde antigamente. Quando descobri o assunto da exposição, eu me interessei porque posso usar o conhecimento em matérias da escola – animou-se a menina de 12 anos.

 Eduardo de Holanda

Os amigos Gabriel Matheus, de 15 anos, e Rodrigo Dolores da Silva, de 16, exploravam o CCBB pela segunda vez. Gabriel lamenta a distância da cultura do seu cotidiano. Ele culpa a longa distância (dos grandes polos culturais) e a falta de companhia.

– Estou vendo moeda, dinheiro. Só que eu gosto mais de animais. Na verdade, sou louco por animais, preferiria ir ao zoológico – confessou o adolescente, enquanto observava a exposição sobre a história da moeda no país.

Para a professora de artes plásticas Veronica Alves, que acompanhava o grupo, esse tipo de experiência estimula o aprendizado. Segundo a educadora, há cinco anos na instituição, os pré-adolescentes e adolescentes têm mais chance de guardar o conteúdo da exposição que o das aulas. “Bem positivo e mais motivador”, avalia Veronia, ao término da visita.

 Eduardo de Holanda O aluno do 7º período de serviço social da PUC-Rio Nelson Felix, de 25 anos, também acompanhava a turma de estudantes de Caxias entre os corredores do CCBB. Há um ano, Nelson trabalha como voluntário da ONG Médicos Solidários. Morador da Rocinha, ele começou a seguir esse caminho ao conhecer a opção de uma amiga, Tamires Alves, na época aluna de graduação da PUC-Rio e hoje mestranda. Ele bateu o martelo ao assistir a uma palestra do curso de Pré-vestibular Comunitário da Escola Parque (Pecep), em 2007. No ano seguinte, ingressou na PUC-Rio, mas, dez anos antes, já tinha dado reforço escolar a crianças da Rocinha, na Casa Espírita Cristã Maria de Nazaré.

Hoje Felix também faz curso de inglês, duas vezes por semana, graças à bolsa que conseguiu pelo Fundo Emergencial de Solidariedade da PUC-Rio (Fesp). Desde o ano passado, é estagiário dos Médicos Solidários. Já acompanhou crianças pobres em visitas ao Teatro Municipal, ao Zoológico, à Quinta da Boa Vista e ao Centro Cultural da Justiça Federal (CCJF). Enquanto ajuda a ONG a cumprir o desafio de melhorar a saúde e a qualidade de vida de moradores de comunidades do Rio, Nelson espera, com otimismo, resposta para participação em pesquisa científica na PUC-Rio.

 

Serviço

As exposições visitadas, I am clichê e História da moeda no Brasil, estão abertas ao público de terça a domingo, das 9h às 21h. Ambas são gratuitas. A primeira vai até dia 2 de outubro e a segunda é permanente no CCBB.