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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Esporte

Megaeventos esportivos serão desafios do governo Dilma

Isabela Campos e Mariano Carneiro - Do Portal

17/11/2010

 Mauro Pimentel

O governo da presidente Dilma Rousseff terá que dar atenção redobrada ao esporte. Durante o governo Lula, o Brasil conquistou o direito de sediar a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Combinações como esta só aconteceram, até agora, em outros dois países: o México sediou as Olimpíadas em 1968 e a Copa em 1970, e os Estados Unidos tiveram a Copa em 1994 e as Olimpíadas em 1996. 

A força midiática desses torneios, no entanto, nunca teve tanto impacto. Hoje, o retorno comercial e estrutural é muito grande, o que aumenta as responsabilidades do país realizador. Como o Brasil está em um período de forte desenvolvimento econômico, o grande desafio do novo governo será a criação de oportunidades para que o esporte brasileiro seja beneficiado por todas essas circunstâncias.

Caso não seja reeleita, Dilma não será a responsável direta pelas Olimpíadas de 2016, mas é imprescindível que as preparações comecem desde já. Para Luiz Léo, professor do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio e agente de jogadores de futebol, a importância de eventos como esses deve ser supra-partidária, pois trata-se do interesse de todos para o crescimento nacional.

– Esses eventos independem de que modelo partidário se compartilha. Eles são do Estado e da sociedade brasileira e é claro que todos vão querer fazer da melhor forma para promover o país. É fundamental saber que foi feito um grande esforço para que esses acontecimentos pudessem ser sediados pelo nosso país, e esta é uma forma de investir no esporte e na nação. O uso da verba para o esporte deve ser gerenciado com competência e fiscalizado. O grande desafio do governo será aproveitar esse momento e conduzir o Brasil a obter resultados maiores e melhores – afirmou Luiz Leo.

Para o professor, só o fato de estar mais perto das competições aguça a curiosidade e o interesse do povo por modalidades diferentes, podendo surgir, assim, novos atletas e profissionais. A proximidade dos campeonatos vai difundir o esporte no Brasil e ajudar a criar estruturas, tanto físicas quanto de treinamento para gerações futuras, além de acelerar o processo de formação de atletas.

– O necessário para a formação e a captação de atletas já está sendo feito. Acredito que seja preciso estimular a prática de esportes e, assim, vão surgindo atletas mais capacitados e bem preparados – opinou o professor.

O Brasil enfrentará desafios estruturais para a realização da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016. A criação de arenas, as reformas nos estádios de futebol, a reorganização do transporte público, a preservação do meio ambiente e o controle da violência nas cidades, principalmente no Rio de Janeiro, são os pontos mais importantes nessa área. Somente para realizar as Olimpíadas, estima-se que os governos e a iniciativa privada tenham que investir cerca de R$ 5 bilhões apenas em transporte público. A conta incluirá, também, a despoluição do complexo lagunar da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, que, como nos Jogos Pan-Americanos, acolherá as competições.

Projetos de base para alavancar resultados no futuro

A jogadora de pólo aquático do Flamengo e da seleção brasileira Carolina Mello, de 22 anos, afirma que houve mudanças com a criação de novas leis de incentivo junto ao Bolsa-Atleta – programa criado no governo FHC que visa auxiliar o custo de treinamento –, mas que ainda não é o suficiente para um desenvolvimento ideal.

– Acho que, durante o governo Lula, já houve uma melhora na questão dos incentivos aos atletas que fazem parte das seleções das modalidades olímpicas, mas infelizmente os recursos ainda não são suficientes em alguns casos. No pólo aquático, por exemplo, muitos clubes têm dificuldade de manter suas equipes por longos períodos. Deve-se pensar numa forma desse apoio chegar a mais atletas, além dos já beneficiados – disse Carolina.

Carolina ainda reconhece a preocupação dos clubes em como usar o dinheiro para aprimorar os treinamentos. É evidente a necessidade de um projeto que melhore a renda dos atletas em formação e crie alternativas para que mais pessoas tenham esse auxílio e possam competir com os esportistas de outros países.

– O que temos hoje já é melhor do que nada. Com a mudança na lei, a partir do ano que vem, a verba que recebemos para usar nos treinamentos e na preparação vai aumentar – concluiu a esportista.