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Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024


Esporte

"Futebol precisa de transparência e choque democrático"

Mariana Bispo* - Do Portal

27/08/2015

 Divulgação

As mudanças no consumo de TV impuslionadas pela tecnologia digital apontam novos rumos para o  mercado esportivo. De acordo com o IBOPE Repucom, 78% dos telespectadores acessam a internet enquanto assistem a jogos. A maioria deles compartilha mensagens no Facebook durante as transmissões. O "espetáculo futebol" precisa estar alinhado à multiplicação de telas, para ficar mais atraente, avalia o professor da FGV-RJ e um dos idealizadores do Movimento por um futebol melhor Pedro Trengrouse: “O espetáculo deve não só estar na grande tela, mas também nas novas plataformas”. Em entrevista ao Portal, o consultor da ONU sobre a Copa 2014 ressalta a necessidade também de os clubes explorarem melhor as mídias socais para estreitar o relacionamento com o torcedor. 

Para o especialista, o amadurecimento do futebol como espetáculo demanda, contudo, muito mais do que adaptação às novas mídias. Exige, entre outros desafios, o avanço do modelo de governança dos clubes e uma maior participação de jogadores, torcedores e executivos nos processos políticos e decisórios – como o relativo ao calendário (o do próximo ano, anunciado nesta terça pela CBF, foi criticado, por analistas da área, pela sobreposição com a Olimpíada). Na avaliação de Trengrouse, a confecção do calendário deve ser mais "participativa e democrática". Ele enfatiza: “É preciso um choque de democracia, transparência e participação de todos envolvidos no futebol. As novas plataformas podem facilitar essa participação. Para que isso aconteça, é preciso destravar as estruturas que consolidam muito poder na mão de poucos”. Embora empolgado com a decolagem dos programas de sócio-torcedor capitaneados pelo Movimento por um Futebol Melhor, que em dois anos injetou R$ 400 milhões nos cofres dos clubes, Pedro Trengrouse ressalva: "O problema do futebol brasileiro não é dinheiro, mas sim a gestão.

Portal: O que o futebol brasileiro precisa para se tornar mais atraente, para amadurecer como espetáculo?

Trengrouse: O primordial é a evolução das estruturas que organizam o futebol brasileiro, desde os clubes até as federações. A sociedade evoluiu, o mundo mudou, mas as organizações esportivas ficaram engessadas no século XIX.  As tecnologias podem ser a saída para dirimir os problemas dos clubes brasileiros e, sobretudo, democratizar as escolhas estruturais do clube. Antes, a produção de conteúdo era monopólio da televisão. Hoje, cada torcedor com um dispositivo móvel na mão é emissor de informação. Isso é uma revolução e traz à tona a necessidade de ajustar a comunicação dos clubes nessas novas plataformas e proporcionar a participação e integração dos jogadores e torcedores. O espetáculo deve não só estar na grande tela, mas também nas novas mídias.

Portal: Como o esporte, em particular o futebol, pode se adaptar às novas demandas interativas, tanto nas transmissões televisivas quanto nos estádios?  

Trengrouse: O esporte vai mudar. Não acho que a televisão tenha capacidade de sustentar esse modelo por muito mais tempo. Os clubes precisam e devem se antecipar a essa modernização para aproximar novamente a torcida. Sem a grande receita das transmissões, é necessário um plano B, novas iniciativas e novas fontes de receitas. Eles precisam se adaptar ao momento, não simplesmente esperarem passivamente. A televisão transformou o esporte em um negócio, mas o mundo está transformando a maneira de consumir televisão. Com isso, ninguém assiste às programações televisivas como antes. As pessoas consomem os conteúdos que lhes interessam por novas mídias. Isso quer dizer que a transmissão do esporte vai mudar.

Portal: Especialistas apontam a tendência de envolver mais o espectador. Como isso pode se consumar nos estádios e na televisão?

Trengrouse: Estar em todas as plataformas possíveis para engajar o torcedor e fazer com ele interaja tanto com o espetáculo quanto com as escolhas estruturais e políticas de seus clubes. Os clubes devem aproveitar todos os meios de comunicação para envolver o torcedor que agora tem nas mãos dispositivos que permitem a interação e a participação dinâmica e ao vivo. As pessoas assistem apostando e comentando as partidas ao vivo. Esse cenário torna o futebol atraente, mas aciona a necessidade de os gestores esportivos aprimorarem o futebol como espetáculo. 

Portal: Os ascendente programas de sócio-torcedor podem contribuir decisivamente para esse engajamento e para melhorar a saúde financeira dos clubes, cujas dívidas com a União somam algo em torno de R$ 4 bilhões?

Trengrouse: Isso já é uma realidade. Hoje, o potencial do sócio-torcedor é muito maior do que qualquer outra fonte de receita dos clubes.  Nos últimos dois anos, mais de R$ 400 milhões entraram nos caixas (dos clubes) por meio do Movimento por um Futebol Melhor. As empresas deram mais de R$ 60 milhões de descontos, o que impulsionou a quantidade de afiliados, chegando a mais de um milhão. Entretanto, deve-se sempre lembrar que o problema do futebol brasileiro não é dinheiro, mas sim a gestão.

Portal: Por falar em gestão, equacionar o calendário do futebol é tradicionalmente um grande desafio. O do próximo ano, divulgado nesta terça pela CBF, recebeu uma série de críticas, especialmente por se sobrepor a outras competições. Como eleborar um caledário, digamos, mais conciliador, que conjugue os interesses dos clubes, da CBF, dos torcedores, dos investidores?

Trengrouse: Cerca de 90% dos clubes brasileiros jogam apenas quatro vezes por ano. Existe uma atrofia enorme na base da pirâmide. Enquanto os médios e pequenos clubes jogam muito pouco, os grandes são obrigados a jogar demais. Então, precisamos corrigir esse desequilíbrio. A escolha do calendário deve ser mais participativa e democrática, incluindo os clubes, os executivos, os torcedores e, principalmente, os jogadores. É preciso um choque de democracia, transparência e participação de todos envolvidos no futebol. Todos devem ter direito de participar das decisões, não só meia dúzia de pessoas. As novas tecnologias podem facilitar essa participação. Através de um clique em seu dispositivo o torcedor pode contribuir com essas escolhas. Para que isso aconteça, é preciso destravar essa estrutura que consolida muito poder na mão de poucos.

Portal: Até que ponto essa estrutura política "travada" prejudica a consolidação de avanços no setor?

Trengrouse: O problema do futebol brasileiro remonta à estrutura de governança criada pela ditadura de 1941, completamente inadequada à democracia substantiva que temos no século XXI. O mundo mudou, mas as estruturas políticas continuam as mesmas, fora de sintonia com a sociedade. Ainda que o melhor gestor do mundo trabalhasse para os clubes brasileiros, os problemas não seriam totalmente dirimidos, pois eles encontrariam o maior de todos os problemas: a governança. Os atletas viraram empregados, os dirigentes viraram profissionais e o esporte virou negócio, mas as estruturas que administram o negócio continuam as mesmas. Não há transparência, democracia, nem controle social.

Portal: Como arejar, aperfeiçoar, essas estruturas para impulsionar o futebol brasileiro?

Trengrouse: O problema não é dinheiro. O problema do futebol brasileiro é gestão. A legislação precisa ser revista, de uma maneira articulada e democrática, para que haja um novo marco regulatório que garanta a segurança jurídica para avançar no modelo de organização esportiva. Muitas coisas que acontecem no futebol são imorais, mas não ilegais, pois não há leis que comprovem. Além da CPI (do Futebol), precisamos também de uma nova lei no esporte nacional que defina claramente como deve ser esse modelo de governança do esporte no país, com mais transparência, democracia e controle social.

Portal: Que exemplos externos servem de referência para a modernização do esporte? 

Trengrouse: Há pouco tempo, o Real Madrid fez uma eleição na internet para escolher o capitão do time. Os clubes devem seguir exemplos como esse: comunicar e integrar o torcedor por meio das novas mídias, para aprimorar as estruturas e o espetáculo. Mas a participação do torcedor deve estar acompanhada do reforço financeiro.  

Leia mais: Arrancada do futebol exige integração e governança

O padrão digital de transmissão de TV trouxe a mobilidade para o consumo dos conteúdos. As novas tecnologias modificam a maneira de se acompanhar os veículos tradicionais e instituem um novo rumo para o esporte. Hoje, o telespectador não está mais restrito às grandes telas, a TV está em suas próprias mãos, em um dispositivo móvel, 24 horas por dia. De acordo com o IBOPE Repucom, 78% dos telespectadores acessam a internet enquanto assistem jogos de futebol e, geralmente, a atividade favorita é ler, escrever e compartilhar postagens no Facebook durante as transmissões. Diante dessas transformações, especialistas acreditam que explorar o futebol nas novas mídias é um dos principais desafios para deixa-lo mais atraente, para despertar mais audiência e receita. O professor da FGV-RJ e um dos idealizadores do Movimento por um futebol melhor Pedro Trengrouse, frisa a importância dos clubes se anteciparem as mudanças tecnológicas e se adequar as novas mídias para estreitar o relacionamento com o torcedor: “Ninguém assiste às programações como antes. As pessoas buscam seus conteúdos favoritos por novas mídias, e é lá que os clubes devem estar”.

Portal: Como modernizar o futebol brasileiro?  

Trengrouse:

Portal: Quais são as estratégias para impulsionar a transmissão do futebol como espetáculo?

Trengrouse:

Portal: Que exemplos externos podem servir de referência para a modernização do esporte como um negócio?

Trengrouse:

Portal: Como os programas de fidelização podem representar a saída da crise financeira dos clubes e criar uma fonte de receita tão rentável quanto às contas de televisão?

Trengrouse:

Portal: Sabemos que a principal fonte de receitas dos clubes de futebol é a transmissão de televisão. Com essa mudança na forma de consumir os conteúdos televisivos como utilizar as novas mídias para gerar receitas tão rentáveis quanto a TV?

Trengrouse:

Portal: Até que ponto a estrutura política dos clubes prejudica a consolidação de avanços no setor?

Trengrouse: O problema do futebol brasileiro hoje é que a estrutura de governança do esporte criada pela ditadura de 1941 e é completamente inadequada para essa democracia substantiva que nós temos no século XXI. O mundo mudou, mas as estruturas políticas continuam as mesmas, completamente fora de sintonia com a sociedade. Ainda que o melhor gestor do mundo trabalhasse para os clubes brasileiros, os problemas não seriam totalmente dirimidos, pois eles encontrariam o maior de todos os problemas: a governança.

Portal: Como repaginar essas estruturas e impulsionar a gestão do futebol brasileiro?

O problema do futebol brasileiro não é dinheiro. O problema do futebol brasileiro é gestão.

O padrão digital de transmissão de TV trouxe a mobilidade para o consumo dos conteúdos. As novas tecnologias modificam a maneira de se acompanhar os veículos tradicionais e instituem um novo rumo para o esporte. Hoje, o telespectador não está mais restrito às grandes telas, a TV está em suas próprias mãos, em um dispositivo móvel, 24 horas por dia. De acordo com o IBOPE Repucom, 78% dos telespectadores acessam a internet enquanto assistem jogos de futebol e, geralmente, a atividade favorita é ler, escrever e compartilhar postagens no Facebook durante as transmissões. Diante dessas transformações, especialistas acreditam que explorar o futebol nas novas mídias é um dos principais desafios para deixa-lo mais atraente, para despertar mais audiência e receita. O professor da FGV-RJ e um dos idealizadores do Movimento por um futebol melhor Pedro Trengrouse, frisa a importância dos clubes se anteciparem as mudanças tecnológicas e se adequar as novas mídias para estreitar o relacionamento com o torcedor: “Ninguém assiste às programações como antes. As pessoas buscam seus conteúdos favoritos por novas mídias, e é lá que os clubes devem estar”.

Portal: Como modernizar o futebol brasileiro?  

Trengrouse:

Portal: Quais são as estratégias para impulsionar a transmissão do futebol como espetáculo?

Trengrouse:

Portal: Que exemplos externos podem servir de referência para a modernização do esporte como um negócio?

Trengrouse:

Portal: Como os programas de fidelização podem representar a saída da crise financeira dos clubes e criar uma fonte de receita tão rentável quanto às contas de televisão?

Trengrouse:

Portal: Sabemos que a principal fonte de receitas dos clubes de futebol é a transmissão de televisão. Com essa mudança na forma de consumir os conteúdos televisivos como utilizar as novas mídias para gerar receitas tão rentáveis quanto a TV?

Trengrouse:

Portal: Até que ponto a estrutura política dos clubes prejudica a consolidação de avanços no setor?

Trengrouse: O problema do futebol brasileiro hoje é que a estrutura de governança do esporte criada pela ditadura de 1941 e é completamente inadequada para essa democracia substantiva que nós temos no século XXI. O mundo mudou, mas as estruturas políticas continuam as mesmas, completamente fora de sintonia com a sociedade. Ainda que o melhor gestor do mundo trabalhasse para os clubes brasileiros, os problemas não seriam totalmente dirimidos, pois eles encontrariam o maior de todos os problemas: a governança.  

Portal: Como repaginar essas estruturas e impulsionar a gestão do futebol brasileiro?

O problema do futebol brasileiro não é dinheiro. O problema do futebol brasileiro é gestão.

 O padrão digital de transmissão de TV trouxe a mobilidade para o consumo dos conteúdos. As novas tecnologias modificam a maneira de se acompanhar os veículos tradicionais e instituem um novo rumo para o esporte. Hoje, o telespectador não está mais restrito às grandes telas, a TV está em suas próprias mãos, em um dispositivo móvel, 24 horas por dia. De acordo com o IBOPE Repucom, 78% dos telespectadores acessam a internet enquanto assistem jogos de futebol e, geralmente, a atividade favorita é ler, escrever e compartilhar postagens no Facebook durante as transmissões. Diante dessas transformações, especialistas acreditam que explorar o futebol nas novas mídias é um dos principais desafios para deixa-lo mais atraente, para despertar mais audiência e receita. O professor da FGV-RJ e um dos idealizadores do Movimento por um futebol melhor Pedro Trengrouse, frisa a importância dos clubes se anteciparem as mudanças tecnológicas e se adequarem as novas mídias para estreitar o relacionamento com o torcedor: “O espetáculo deve não só estar na grande tela, mas também nas novas mídias”