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Rio de Janeiro, 3 de maio de 2024


Esporte

A redenção de Barrichello

Luigi Ferrarese - Do Portal

14/09/2009

 Divulgação

São dezessete anos na principal categoria do automobilismo mundial. Com 259 corridas disputadas, é o recordista em longevidade na Fórmula 1. Rubens Barrichello já esteve em situações das mais diversas. Aos 37 anos, pode finalmente alcançar o ponto máximo de sua carreira. O brasileiro vive bom momento no campeonato. Na classificação, ocupa a segunda colocação, atrás apenas de seu companheiro de equipe, Jenson Button. A vitória no GP da Itália, a segunda na temporada, aumentou as esperanças.

A Brawn dominou a prova deste domingo, 13. No autódromo de Monza, casa da Ferrari, equipe que Barrichello defendeu por tantos anos, o brasileiro fez ótima corrida. Largou bem e, assim como seu companheiro, aproveitou-se da estratégia de apenas uma parada para reabastecimento e troca de pneus. Com um ritmo sólido, alcançou a liderança após os pit stops de seus adversários.

A segunda vitória em três corridas renova o entusiasmo de Barrichello. A disputa está polarizada entre ele e Button. O britânico não vinha em bom momento na temporada. Nas cinco corridas depois de sua última vitória, teve como melhor resultado um quinto lugar. Em Monza, voltou ao pódio. Se o líder do campeonato reeditar a boa fase, as chances do brasileiro são praticamente nulas. Rubens precisa de muita competência, mas também de sorte.


De desempregado a postulante ao título

Antes de se iniciar a temporada 2009, as perspectivas não eram boas para Barrichello. Primeiro, ele se viu envolto na disputa com o também brasileiro Bruno Senna por uma vaga na Honda. Levou a melhor, mas a montadora japonesa anunciou sua retirada da categoria às vésperas do início do campeonato. Após negociações, Ross Brawn, chefe esportivo da equipe, assumiu o controle do espólio da escuderia.

A Brawn GP, com pouco tempo e limitado orçamento, não aparecia entre as favoritas. Até que os primeiros testes da pré-temporada mostraram um carro competitivo. Mas treinos desse tipo costumam reservar surpresas. Cada escuderia tem objetivos diferentes quando vai à pista. Alguns testam peças novas, outros buscam um melhor acerto. Tratando-se de uma equipe que até então não possuía um único patrocinador para estampar em seus carros brancos com linhas verde-limão, gerou desconfiança. Os rivais acreditaram que fosse blefe.

 Veio o primeiro GP e, com ele, um passeio da Brawn pela pista de Melbourne, na Austrália. Pole-position e dobradinha na corrida, com Button em primeiro e Barrichello em segundo. Os adversários chiaram contra os polêmicos difusores duplos da equipe estreante, que encontrou uma brecha no regulamento para projetar um carro mais competitivo.

O bom momento da escuderia, no entanto, não ajudou a melhorar a imagem de Rubens com o público brasileiro. O mundo viu Button conquistar seis vitórias nas sete primeiras corridas do ano e tomar as manchetes dos jornais. No início de junho, especialistas já davam como certo que o britânico seria o campeão da temporada. Barrichello não conseguiu subir ao lugar mais alto do pódio e foi mais uma vez relegado à condição de piloto de segunda categoria, incapaz de conquistar o título mundial.

Com a queda da Brawn e a ascensão da Red Bull, as chances de Barrichello no campeonato se viram reduzidas a quase zero. Sebastian Vettel e Mark Webber foram alçados à posição de candidatos a evitar o título de Button. O brasileiro foi esquecido mais uma vez. Mas também a escuderia austríaca entrou em declínio. Repetidas quebras de motor minaram suas esperanças.

O antes impecável Button passou a colecionar atuações irregulares. Enquanto isso, Rubens melhorou substancialmente seu desempenho. Conquistou as primeiras vitórias do ano nos GPs da Europa e da Itália. Diminuiu a diferença para seu companheiro de equipe. No momento, são apenas quatorze pontos de desvantagem. A quatro corridas do fim, não será fácil superar seu adversário. Mas talvez seja a melhor chance que ele já teve para conquistar o sonhado título mundial.