Igor Novello - Do Portal
15/01/2013Calouro do Estadual do Rio, o Quissamã pegará de cara o Flamengo, no próximo sábado, às 17h, no Engenhão, na abertura do torneio. Com apenas oito anos de futebol profissional, torcida, jogadores e dirigentes comemoram o acesso à elite da bola depois de uma batalha judicial que se seguiu à conquista da Série B, no segundo semestre do ano passado, e se arrastou por mais de um mês. A vitória nos tribunais sobre o Goytacaz foi um aperitivo das dificuldades que o time do norte fluminense enfrentará em busca do sonho de permanecer entre os melhores. Para consolidá-lo, os comandados do técnico Marcelo Henrique – cujos vencimentos somam R$ 100 mil, um sétimo do salário do artilheiro tricolor Fred – preparam-se desde outubro do ano passado, no CT de Palmeirinha, a 240 quilômetros da capital. Em entrevista ao Portal PUC-Rio Digital, o presidente do Alvianil da Terra do Coco, Diones Silva, aponta os principais desafios da temporada, comenta a peleja extra campo e revela algumas curiosidades deste novato disposto a ampliar seus quinze minutos de fama.
No bate-bola por telefone, o dirigente destacou o entrosamento como a principal arma da equipe (talvez a única) para manter-se na Primeira Divisão e, com sorte, transformar-se no azarão do campeonato. Antes, porém, Diones reconhece que o Quissamã terá de escalar um campo para chamar de seu. Pelo menos enquanto o estádio Antonio Carneiro da Silva, o Carneirão, seguir sem o laudo dos Bombeiros e o sinal verde da Federação.
Portal PUC-Rio Digital: Depois de conquistar a Série B, o Quissamã suou para vencer a batalha judicial deflagrada pela falta de indicação do campo no qual mandará suas partidas. Como o estádio municipal não está liberado, a equipe será, digamos, um permanente visitante?
Diones Silva: Estamos brigando pelo nosso estádio, porque ele ainda não foi condenado. Ainda não temos o laudo de vistoria dos Bombeiros, mas o grande problema é a capacidade abaixo do exigida pela Federação. Mesmo assim, nesse primeiro momento, vamos jogar em Quissamã.
Portal: Além do laudo, o que falta para o Quissamã estrear no Carneirão como o mais novo integrante da elite do futebol carioca?
Diones: Devemos cumprir algumas sugestões da Federação, como a a ampliação do posto médico, pois eles acharam o nosso pequeno, e a criação de uma entrada alternativa para a torcida visitante.
Portal: Talvez seja o preço da precocidade. Aliás, por que o clube, fundado em 1919, só há oito anos profissionalizou o futebol?
Diones: Em 1919, a cidade de Quissamã era um distrito de Macaé. Então, o time disputava, de forma amadora, a Liga Macaense de Desportos, na qual foi campeão duas vezes, em 1949 e 1952. Com a transição para município, em 1989, começou-se a pensar na possibilidade de profissionalização, o que só se concretizou na gestão do presidente Otávio Carneiro, em 2005.
Portal: A profissionalização está relacionada ao dinheiro do petróleo?
Diones: Não, não... Tem a ver com o apoio financeiro da prefeitura, mas não ligado ao petróleo. A prefeitura sempre apoiou o esporte e, agora, com a profissionalização, nós obtivemos esse suporte financeiro para iniciar as atividades.
Portal: Como é a relação com a prefeitura? Há influência, por exemplo, na indicação de integrantes da comissão técnica ou mesmo na escalação?
Diones: A prefeitura está na condição de patrocinadora. Não é dona do clube. Funciona como o patrocínio master para a gente. Mas temos outras fontes de receitas.
Portal: Desde outubro a equipe vem se preparando para fazer bonito entre os melhores do Rio. Neste aspecto, pode-se dizer que o Quissamã leva certa vantagem, pois, ao contrário de vários clubes grandes, tem um Centro de Treinamento?
Diones: Os jogadores treinam no CT Palmirinha. Também temos alguns campos alternativos, como o Machadinha, e próprio estádio municipal Antonio Carneiro da Silva. Esses campos alternativos são importantes para nós, porque, com eles, não há um sobrecarga dos gramados no CT Palmirinha.
Portal: O time está pronto para corresponder à expectatova da torcida?
Diones: A nossa torcida é bastante exigente e apaixonada. Ela vai para o estádio, leva bandeiras, vibra, cobra, mas, principalmente, incentiva. Atua o tempo todo do lado da equipe.
Portal: Quem é o grande ídolo do Quissamã?
Diones: Como o Quissamã tem uma história ainda pequena, o maior ídolo da torcida e do clube é o Bruno Cortês, lateral-esquerdo do São Paulo, com passagens pela Seleção Brasileira. Em seguida, vem o volante Amaral, que hoje joga no Flamengo.
Portal: E do time atual, quem é o craque?
Diones: Podemos destacar o volante Cleiton, muito querido pela torcida. Mas o principal destaque do Quissamã é o conjunto. Não temos propriamente "um melhor jogador". Por isso, a base utilizada durante três anos consecutivos, desde a Terceira Divisão do carioca, conseguiu, com desempenho brilhante, o acesso à elite estadual.
Portal: O clube investe no desenvolvimento de talentos?
Diones: De todos os jogadores profissionais do elenco, pelo menos 10 são da cidade e já passaram pelas categorias de base. O jovem mais aproveitado entre os titulares é o goleiro Erick.
Portal: Algum jogador exerce outra profissão?
Diones Silva: Todos vivem exclusivamente do futebol. Eles, realmente, são profissionais. Todos dependem disso.
Portal PUC-Rio: Qual é a média salarial do elenco?
Diones Silva: A gente trabalha com salários entre R$ 2.5 mil e R$ 4 mil. Não há nenhum atleta que se destaca por receber um maior salário.