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Rio de Janeiro, 8 de maio de 2024


Meio Ambiente

Energia solar é a aposta de grandes e pequenas empresas

Jorge Neto - Do Portal

22/05/2012

 Divulgação Stock.Xchng

Mesmo tendo o maior potencial para geração de energia solar no planeta (280 dias de sol por ano), o Brasil pouco a utiliza. Isto, porém, está mudando. “Energia fotovoltaica é a energia do futuro”, afirma Eduardo Lana, gerente de Planejamento da Light Esco, braço do grupo Light que atua na comercialização de projetos de eficiência energética. Empresas de grande porte como a Petrobras e a Light, além de pequenas como a Solbravo, incubada no Instituto Tecnológico do Paraná, voltam suas atenções para o melhor aproveitamento da energia solar.

O Maracanã, atualmente em reforma para a Copa do Mundo de 2014, terá uma usina fotovoltaica em sua cobertura. A energia gerada diariamente será suficiente para abastecer 240 residências, e evitará o lançamento de cerca de 2.500 toneladas de CO2 no ar ao longo dos 25 anos de atividade das placas.

O próprio Maracanã, entretanto, não será abastecido diretamente pela energia que vai produzir – equivalente a 25% do que consome. Isto porque, como explica Lana, a produção é diurna, enquanto o estádio demanda energia à noite, e “energia não se armazena”. A produção será negociada no mercado livre de energia, e abatida do investimento realizado pela Light no estádio. A Light Esco investirá R$ 6 milhões no projeto, em parceria com a Electricité de France (EDF).

Projeto parecido vai ocorrer no Mineirão, estádio de Belo Horizonte, onde a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) já planejava a construção de uma usina fotovoltaica na cobertura do estádio.

– Assim surgiu a ideia de fazer uma no Maracanã, que é o estádio mais importante da Copa – conta Lana.

O projeto não deve parar por aí. A usina principal, em cima do estádio, deve ser entregue em conjunto com a reforma para a Copa do Mundo, mas as empresas envolvidas estudam expandi-la para instalações vizinhas, como o Maracanãzinho, Célio de Barros, Júlio de Lamare, Uerj. O objetivo é transformar a região num grande complexo solar.

 Divulgação– Neste primeiro momento, com o problema de cronograma que o governo do estado enfrenta, com a Copa das Confederações, ano que vem, nossos esforços estão voltados para a construção somente em cima do estádio, mas vamos estudar a viabilização da ampliação para todo o complexo do Maracanã – afirmou o gerente.

A certeza do bom retorno do investimento (os R$ 6 milhões devem ser recuperados em dez anos) e o interesse em “vender uma imagem de sustentabilidade para o mercado e incentivar essa nova fonte de energia” levaram a Light a criar e desenvolver outras usinas no Rio.

– Além do Maracanã, estamos investindo em outros projetos, como a Biblioteca Estadual do Rio de Janeiro, o Museu da Energia e outros projetos que estão em de avaliação – revelou Lana.

Outra empresa que investe em energia fotovoltaica é a Petrobras. Com aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a empresa instalará em Alto do Rodrigues, município do Rio Grande do Norte situado a 200 quilômetros de Natal, uma usina fotovoltaica experimental com a capacidade de 1,1 MW (megawatt), o suficiente para abastecer 1.500 casas.

A usina fotovoltaica, que começará a ser desenvolvida este ano, será a segunda de grande porte no Brasil. A primeira, inaugurada em agosto de 2011, foi a Usina Solar de Tauá, do grupo MPX (propriedade do empresário Eike Batista), na cidade de Tauá, Ceará, com capacidade de um megawatt, equivalente à produção da Petrobras.

O custo da nova usina, que será instalada no terreno de uma termelétrica da Petrobras, gira em torno de R$ 20,9 milhões e entrará em atividade no segundo semestre de 2014. A energia gerada será utilizada pela própria companhia.

A energia solar não tem atraído somente grandes empresas. A empresa Solbravo, incubada no Instituto de Tecnologia do Paraná, trabalha para ampliar o consumo e buscar soluções para o alto custo das placas solares, além de torná-las mais bonitas:

 Divulgação Solbravo – Muitas pessoas não instalam os painéis no telhado por aspectos estéticos. Então, integrar as placas em peças que as pessoas já conheçam, como telhas e vidro, torna mais fácil a aceitação por parte do cliente. Daí surgiu a ideia de utilizar um conceito já usado na Europa, chamado building integrated photovoltaic, integrando a energia fotovoltaica em edificações – disse Rodrigo Silvestre, diretor de operações da Solbravo.

Enquanto suas concorrentes instalavam um painel em cima da telha, eles fizeram um produto único, o que, de acordo com Rodrigo, reduz o custo e melhora a resistência.

Para habitações convencionais com consumo entre 100kw/h e 300kw/h, a maior parte das habitações no Brasil, é possível abastecer a casa com a utilização de telhas fotovoltaicas em 50% do telhado (cerca de 1.600 telhas). O cliente pode ainda se tornar um produtor de energia se sua produção for maior que seu consumo.

Para o diretor, além da estética, as telhas apresentam também uma vantagem monetária sobre as placas:

 Divulgação Solbravo – Uma placa solar de alto desempenho, com 240 watts de potência, custa em torno de R$ 3 mil, enquanto as 90 telhas que seriam necessárias para gerar a mesma quantidade de energia custariam aproximadamente 80% desse valor.

Na PUC-Rio, a busca por essa energia solar mais barata também já agita as atividades no Centro Técnico Científico.

Em busca da melhor utilização de energias renováveis, o engenheiro Marco Aurélio Pacheco, professor do Departamento de Engenharia Elétrica, criou um simulador de nanoestruturas capaz de produzir e desenvolver células híbridas que transmitem energia solar, o que no futuro pode diminuir significativamente seu custo, além de aumentar sua eficiência:

– As células fotovoltaicas têm um problema de alto custo, então não se viabilizam para projetos que não sejam especiais, como o caso de locais desertos, onde a única opção é a energia solar – avalia Marco Aurélio.

De acordo com o engenheiro, essas células híbridas seriam geradas a partir no nióbio, um minério abundante no Brasil, o que reduziria os custos. As novas células também teriam eficiência de conversão de até 28%, bem maior que os 16% que as células comercializadas hoje em dia atingem. Esses dois fatores já reduziriam o custo em 50%.

– Toda célula fotovoltaica está aquém do seu limite físico de eficiência, e o que se busca no mundo todo é uma forma suficientemente eficiente, de baixo custo e com praticidade de implantação para gerar energia. Tem muita energia para ser explorada – afirma o professor.