Os fóruns preparatórios para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, estão a todo vapor. Uma delegação de oito professores da PUC-Rio esteve presente no último deles, o Planet under Pressure (Planeta sobre Pressão, em inglês), que ocorreu entre os dias 26 e 29 de março, em Londres, com o intuito de se organizar para a rodada final dos eventos pré-Rio+20, o Fórum de Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, que será realizado na universidade, em junho. Em relato à comunidade PUC sobre a experiência, na tarde desta quarta-feira, o professor do Departamento de Administração Marcos Cohen ressaltou que a experiência de Londres poderá ajudar na consolidação da agenda ambiental da PUC.
– Precisamos consolidar nossa agenda ambiental e, para isso, é necessário valorizar mais a relação entre nossos departamentos, que se conhecem muito pouco. No geral, as academias precisam ampliar o conhecimento sobre sustentabilidade e meio ambiente com interdisciplinaridade – afirma o professor, acrescentando que, após a participação em Londres, o grupo está mais coeso e, com isso, motiva a participação dos alunos.
Além de Cohen, a delegação também teve a presença do diretor do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (Nima), o professor de Geografia, Luiz Felipe Guanaes; Camila Barata (Nima), Fernando Walcacer (Direito), Maria Fernanda Lemos (Arquitetura), Pedro Cunca Bocayuva (Instituto de Relações Internacionais), Alcir Faro Orlando (Engenharia Mecânica), Tácio de Campos (Engenharia Civil) e Lilian Saback (Comunicação). Todos estiveram na sala k-102, onde relataram à comunidade PUC a experiência de Londres. A coordenadora regional do International Council for Science, Alice Abreu, também estava presente.
Ainda de acordo com Cohen, o Planet under Pressure contribuiu ressaltar o “sentido de urgência” para as ações que devem ser tomadas para reduzir as pressões do planeta.
Maria Fernanda Lemos, do Departamento de Arquitetura, disse acreditar que o discurso de urgência destacado em Londres está desgastado, em consequência do número de soluções que constantemente aparecem entre as comunidades científicas, mas que, segundo ela, não saem do papel.
– O ideal seria buscar soluções específicas em cada área de atuação – defende.
Em relação aos constantes desastres climáticos, Maria Fernanda afirmou que mais importante do que discutir os motivos das catástrofes é tratar da vulnerabilidade climática, como a exposição e sensibilidade em cada região.
Tácio de Campos, da Engenharia Civil, destacou a importância da comunicação entre diferentes setores. Segundo ele, os mais técnicos, como os próprios engenheiros, não têm relevância em expor o problema. Campos sugeriu a criação de um instituto de operações globais.
– Esse instituto, ligado à ONU, deveria ser o responsável por agregar todas as necessidades técnicas para se chegar ao desenvolvimento sustentável.
Ao comentar a opinião de Campos sobre a relevância da comunicação, a professora do Departamento de Comunicação Social Lilian Saback ressaltou que, necessariamente, ela não deve se restringir aos comunicadores:
– Todos os setores devem ter a responsabilidade de debater e buscar sanar o problema.
O professor Walcacer, do Departamento de Direito, compartilhou da ideia de Campos e destacou o avanço da relação entre a política do setor científico e civil no Planet under Pressure. Segundo ele, há um otimismo, pois as ciências estão mais “humildes” e “maleáveis” a aceitar as opiniões de outros setores. Walcacer ressaltou a importância de os jovens se manifestarem:
– Não adianta agregar conhecimento e não agir.
Mais crítico, o professor Bocayuva, do IRI, afirmou que os países emergentes, ou seja, os Brics (Brasil, Russia, India, China e África do Sul) ainda estão “prisioneiros” da ordem capitalista.
– Se essa matriz de pensamento não mudar, será impossível o planeta chegar a uma solução para o meio ambiente – alertou.
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