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Rio de Janeiro, 19 de abril de 2024


Meio Ambiente

Universidade implanta modelo para energia solar

Igor de Carvalho - Do Portal

01/11/2011

No vácuo do lançamento da Agenda Ambiental e em compasso com a busca global de energias alternativas, a PUC-Rio se lança em um novo desafio: um sistema para captação e utilização de energia solar. Neste segundo semestre, o Instituto Gênesis passa receber os equipamentos necessários (placas fotovoltaicas) para captar a energia proveniente do sol. Responderá por cerca de 10% da energia consumida pelo Instituto. Apesar de ainda ser uma quantidade restrita (10 Kilowatt), a experiência servirá de base para pesquisas na área e para o aproveitamento desse tipo de energia em outros espaços na universidade e, sobretudo, fora dela.

À frente da iniciativa está o professor Alcir de Faro Orlando, do Departamento de Engenharia Mecânica. Ele é responsável pelo Laboratório de Avaliação Metrológica e Energética (Lame), que se encontra na fase de certificação de equipamentos para sistemas fotovoltaicos, como baterias, inversores e controladores de carga. Um dos principais objetivos desse projeto piloto é testar a operacionalidade do sistema para captação de energia solar e a transformação em eletricidade.

– Queremos adquirir experiência nisso. Em termos ambientais, é muito interessante. Gostaríamos também de usar isso no ensino e na pesquisa – destaca Alcir.

O professor explica que esse modelo de energia ainda é adequado só a capacidades pequenas, como a que vai ser gerada para o Instituto Gênesis:

– Logicamente, quando comparamos com o campus, que consome cerca de 4.000 kilowatts, esse primeiro passo ainda não tem como alterar essa realidade. Mas a gente tem a oportunidade de testar essa tecnologia aqui, e eventualmente poderemos colocar em outros lugares.

Os painéis fotovoltaicos – placas que captam os raios solares, para a conversão em eletricidade – têm capacidade para garantir o fornecimento energético por aproximadamente 25 anos. Embora a expansão desse modelo para outros pontos do campus, Alcir alerta que se deve “examinar com calma”, pois essa tecnologia exige um vasto espaço para captação.

– Para a gente ampliar o uso de energia solar, é preciso um grande espaço. Fora do país, existem campos imensos com a geração de 1 megawatt – observa o especialista.

O professor de engenharia mecânica da PUC-Rio Washington Braga, diretor de admissão e registro da universidade considera a energia ”magnífica”. Mas ressalva:

– Se puséssemos placas de energia solar cobrindo todo o lago do Itaipu, geraríamos três vezes mais energia do que a hidrelétrica, mas a um custo dez vezes maior. E ainda teríamos o custo dos painéis, pois não há o suficiente.

O professor Alcir esclarece que o objetivo do novo sistema não é fazer da energia solar a principal fonte energética da universidade, até porque não há área suficiente para contemplar a produção necessária à demanda, “mas utilizar o conhecimento adquirido para outras regiões no Brasil”. Depois da instalação das placas e do início da captação dos raios solares, será iniciada a fase de análises:

– Vamos monitorar o uso da energia solar, o quanto e como estaremos realmente utilizando. Essas pesquisas ajudam a análise da viabilidade econômica do sistema e, em termos mais amplos, ao avanço da matriz energética – ressalta Alcir.

O professor Fernando Walcacer, vice-diretor do Núcleo Interdisciplinar de Meio Ambiente (NIMA) e coordenador da Comissão de Sustentabilidade, responsável pela elaboração da Agenda Ambiental, acredita que é preciso e possível alterar essa matriz energética. Ele pondera, no entanto, que "isso não será feito da noite para o dia". Na opinião de Walcacer, seria interessante “começar a repensar a arquitetura de alguns prédios na PUC” para se adaptarem a essa tecnologia; e assim caminhar rumo a uma dependência menor de fontes elétricas convencionais, como de geradores a diesel, utilizados em horários de maior pico, entre 18h e 19h.

Energia solar no Brasil

Em entrevista ao Portal PUC-Rio Digital, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, explicou que o “incentivo ao uso energia solar passa por investimentos em tecnologia para viabilizar o mercado nacional dessa fonte para geração de energia elétrica, no caso a energia solar fotovoltaica”.

Por outro lado, o uso de energia solar térmica, que serve ao aquecimento de água, já possui viabilidade. O avanço depende, entretanto, de uma política mais abrangente nesse sentido. O modelo  já é colocado em prática no programa Minha Casa Minha Vida, que financia os sistemas solares para aquecimento de água.

– Além disso, o Ministério do Meio Ambiente está coordenando um grupo interinstitucional para fomento a essa fonte de energia para além do Programa Minha Casa Minha Vida, com ações de sensibilização local para o uso do solar, cursos de capacitação de mão de obra, etc. O uso desse tipo de energia tem a capacidade de aliviar o sistema elétrico nos momentos de pico de demanda por energia, entre 18h e 19h, para o aquecimento de água nas residências – justificou a ministra.

Vantagens e desvantagens das fontes alternativas

Solar

Prós:

  • Não polui durante o uso;
  • As centrais necessitam de manutenção mínima;
  • Os painéis solares são a cada dia mais potentes e menos oneroso;
  • Em países tropicais, como o Brasil, a utilização da energia solar é viável em praticamente todo o território;

Contras:

  • Um painel solar consome uma quantidade enorme de energia para ser fabricado. Pode até ser maior do que a energia gerada;
  • Os preços ainda são elevados em relação aos outros meios de energia;
  • O volume energético varia de acordo com condições atmosféricas (chuvas e neve são os grandes inimigos) e é nulo à noite. Isso torna necessário o armazenamento da energia produzida durante o dia em locais apropriados, no quais os painéis solares não estejam ligados à rede de transmissão;
  • As formas de armazenamento da energia solar são pouco eficientes quando comparadas, por exemplo, aos combustíveis fósseis, à energia hidroelétrica e à biomassa.

Hidráulica

Prós:

  • É produzida a partir de uma fonte contínua: o movimento da água;
  • Não polui o ambiente;
  • Tem baixo custo de produção.

Contras:

  • A construção de centrais hidrelétricas geralmente exige a formação de grandes reservatórios de água, o que provoca profundas alterações nos ecossistemas;
  • Dependendo do tipo de relevo e da região em que se encontra o empreendimento, as hidrelétricas podem também levar ao alagamento de terras e ao deslocamento de populações ribeirinhas.

Biomassa

Prós:

  • É pouco poluente, pois não emite dióxido de carbono;
  • É altamente fiável e a resposta às variações de procura é elevada;
  • A biomassa sólida é extremamente barata, sendo as suas cinzas menos agressivas para o ambiente.

Contras:

  • Desmatamento de florestas, risco de destruição de habitats;
  • Possui um menor poder calorífico em relação a outros combustíveis;
  • Os biocombustíveis líquidos contribuem para a formação de chuvas ácidas;
  • Dificuldades no transporte e no armazenamento de biomassa sólida.

Eólica

Prós:

  • É uma tecnologia inesgotável;
  • Não emite gases poluentes, tampouco geram resíduos;
  • As áreas do parque eólico podem ser utilizadas também para outros meios, como a agricultura;
  • Uma das fontes de energia correta mais baratas do mercado;

Contras:

  • Como é preciso um fenômeno da natureza para funcionar, às vezes não é gerada a energia desejada no momento necessário;
  • Os parques eólicos impõem grande impacto visual, por causa dos aerogeradores;
  • Para alguns especialistas, o impacto sonoro desses aparelhos pode ser irritante. Em contato com as grandes pás, os ventos produzem um ruído de até 43 decibéis;
  • Pode matar pássaros da região, que são atraídos pelos moinhos.

Nuclear

Prós:

  • Não polui o ar com gases como enxofre e nitrogênio;
  • Não utiliza grandes áreas;
  • Independe da sazonalidade climática;
  • É a fonte mais concentrada de geração de energia;
  • A quantidade de resíduos radioativos gerados é pequena e compacta.

Contras:

  • Necessidade de armazenamento do resíduo nuclear em locais isolados e protegidos;
  • Necessidade de isolamento da central após o seu término;
  • É mais cara em comparação com as demais fontes;
  • Os resíduos produzidos emitem radiatividade durante muitos anos;
  • Risco de acidente na central nuclear.