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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Meio Ambiente

História ambiental une cultura e natureza

Gabriel Picanço - Do Portal

18/08/2011

Campo de estudo cada vez mais reconhecido, graças à crescente preocupação com o meio ambiente, a história ambiental busca a integração dos diversos conhecimentos para um entendimento mais completo da vida na Terra. A disciplina estuda as relações entre homem e natureza durante toda a História, buscando diminuir a distância entre cultura e natureza, "de modo que uma complete a outra internamente", como afirmou o historiador social Diogo de Carvalho Cabral, do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Na visão de Cabral, que apresentou na PUC-Rio o trabalho Para se escrever História Ambiental, na última terça, 16 de agosto, os estudos sobre as sociedades e suas transformações, em qualquer época, têm a dificuldade de identificar e utilizar o ambiente como documento histórico. 

– O que a história ambiental propõe é uma passagem da história simplesmente política para um mergulho na experiência de vida das pessoas, abraçando a totalidade. Traz a natureza não-humana para dentro da história, e posiciona os humanos como seres naturais que dialogam com outros em sua existência. 

A ideia de uma "história  ambiental" surgiu na década de 1970, quando a preocupação com o meio ambiente começava a crescer, como forma de reavaliar a relação entre homem e natureza. E não apenas como o homem afetou a natureza, mas também como foram afetados por ela. Sob a visão da disciplina, a natureza "fala", também é sujeito.

– Todas as nossas histórias são escritas em coautoria com a natureza; ela dificilmente é silenciosa. Ela tem papel ativo – disse Cabral.

Mesmo reconhecendo a dificuldade de se provar uma "consciência da natureza", Cabral duvida que, no decorrer da História, a natureza não-racional tenha sido somente um objeto passivo nas transformações da Terra. Geralmente, o papel ativo é atribuído aos homens, como no caso da domesticação de animais e na criação da agricultura, que são as primeiras etapas da construção da sociedade humana, por exemplo. Na maioria das vezes, o que se diz é que as espécies animais e vegetais foram dominadas pelo homem, sem levar em consideração alguma ação no sentido contrário. 

– Uma planta não precisa de pernas para se mover. Ela faz isso usando as pernas e asas do homem e de outros animais, que comem seus frutos e espalham as sementes por outros lugares. Assim aconteceu a domesticação de animais e o início da agricultura. O homem não fez isso de forma totalmente consciente. Os animais mais adaptados ao convívio humano é que começaram a estabelecer relações com os grupos, até se tornarem domesticados – explicou Cabral.

A palestra, realizada em conjunto ente os departamentos de Geografia e História da PUC-Rio, reuniu estudantes de graduação e pós dos dois cursos.

Para o professor Rogério Oliveira, do Departamento de Geografia, o encontro foi importante para compartilhar e expandir o modo de pensar que é característico de cada uma das áreas:

– O que o trabalho do Cabral nos oferece é um momento de contato entre os dois campos de conhecimento, da sociedade e da natureza. Vamos buscar mais momentos como esse durante o curso.