No último dia 6, o diretor-executivo da empresa Apple, Steve Jobs, anunciou o novo produto da famosa marca de computadores, o iCloud. A novidade é uma espécie de HD virtual, que permite armazenar e acessar remotamente músicas, fotos e outros arquivos a partir de qualquer computador, tablet ou smartphone ligado à internet. A Apple, na verdade, segue uma tendência que se consolida na rede. A computação na nuvem já é usada por grandes empresas há alguns anos. Além disso, serviços como Twitter, Facebook e Gmail armazenam o conteúdo dos usuários em nuvens. De qualquer forma, a expansão dessa tecnologia pode significar uma mudança radical no modo em que armazenamos e usamos nossos arquivos e programas. A professora Karin Breitman, do Departamento de Informática da PUC-Rio, por exemplo, acredita que a computação na nuvem representa o fim do computador pessoal como conhecemos e usamos hoje:

– O computador acabou. Ele vai ficar como uma máquina de trabalho. Agora teremos dispositivos móveis, como tablets e smartphones. Vamos deixar todos os nossos arquivos na nuvem e os dispositivos vão ser para ouvir as músicas, assistir os vídeos, ver as fotos, transferir. Não precisaremos mais do computador para fazer essas coisas.

A proposta básica da computação na nuvem é disponibilizar na internet a capacidade computacional que até então só era possível com hardware, isto é, peças e computadores físicos. Isso significa a virtualização do HD, onde guardamos nossos arquivos, e mesmo dos grandes computadores centrais das empresas. Passaremos a acessar, via internet, os programas e arquivos alocados em um espaço “alugado” nos servidores de empresas especializadas. Karin Breitman afirma que a nuvem como infraestrutura para empresas vai se tornar um serviço distribuído e cobrado por quantidade de uso, semelhante ao fornecimento de energia elétrica:

– As manufaturas no século XIX tinham que produzir a sua própria energia. Hoje em dia, isso é comprado de uma fábrica. A gente quer fazer a mesma coisa com a computação. Em vez de fornecer uma “coisa” computador, fornecer um serviço computador.

Entre as empresas, este é um modelo que cresce ano após ano, graças aos benefícios que a sua adoção traz para o usuário coorporativo. Utilizar a nuvem representa, por exemplo, uma diminuição substancial nos custos com informática. Ao levar para internet toda a infraestrutura de operações, o custo com a compra e a manutenção de equipamentos cai drasticamente. Todas as funções que os funcionários das empresas precisam estão na internet, dependendo apenas da conexão com a rede e de um navegador. Érico Rocha, gerente de contas da Redehost, empresa que fornece o serviço de cloud computing no Brasil, observa um grande aumento na clientela. Segundo ele, os novos clientes foram atraídos pelos benefícios econômicos que a mudança para a nuvem traz.

– Com o servidor na nuvem todos os problemas dos clientes são solucionados, como disponibilidade, desempenho, atendimento. Tudo isso por um custo mais baixo. Isso gera economia para as empresas investirem em outros ramos que necessitem – afirmou.

Rodrigo Gama é engenheiro de software da Radix, uma empresa que presta consultoria em desenvolvimento de programas. Ele vê na computação na nuvem a oportunidade de aumentar a capacidade de seus serviços sem a necessidade de comprar um servidor próprio. Para ele, o principal ganho é a economia feita com a utilização do serviço.

– Consigo atender um maior número de usuários se necessário. E não preciso comprar uma infraestrutura gigante para isso. Se normalmente eu tenho um site com 100 acessos por minuto e, em determinado momentos do dia, eu tenha 20 mil acessos, não preciso comprar uma infraestrutura capaz de sustentar os 20 mil. Adquiro um serviço em que pago pelo o que consumo.

Apesar de gerar queda nos custos, a utilização da nuvem não dispensa as preocupações com a segurança. Erico Rocha alerta que mesmo com a avançada estrutura de segurança dos servidores da sua empresa, nenhuma rede de informática é totalmente segura.

– Nós possuímos firewalls e sistemas de IPS que identificam e bloqueiam tentativas de intrusão aos servidores e rígidas políticas de backup garantem a segurança lógica. Mas não existe mecanismo infalível, seja em nuvem ou não. Isso é fato – alertou.

Rodrigo Gama lembra da importância do backup de segurança dos arquivos mais importantes e o cuidado com as informações alojadas em servidores de outras empresas.

– Nós temos que confiar em parte nas empresas e tomar as nossas precauções. Precisamos de backup para garantir que tudo não venha sumir caso ocorra algum problema com os servidores deles. Temos que tomar cuidado com o tipo de dado guardado. Certas coisas são pessoais e devem ser mantidas em uma base de dados pessoal.