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Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2025


Ciência e Tecnologia

Lomografia questiona a supremacia digital

Carina Bacelar - Do Portal

30/05/2011

Ao fim de uma semana dedicada à fotografia profissional, a ideia era “brincar”, nas palavras de Philipe Machado , dono da loja Lomography, em Ipanema. Na palestra da sexta-feira (27), ele explicou a renovada lomografia, técnica baseada em câmeras analógicas simples. Para o especialista, essas câmeras de plástico, "quase de brinquedo”, resgatam o hábito de “fotografar por amor”.  O aspecto e o conceito retrô da lomo (para os íntimos) não a excluiu do conteúdo digital: o site da empresa, por exemplo, é construído com o conteúdo produzido por câmeras dos próprios usuários.

– Eles postam fotos de lomo com os textos que eles mesmos produzem. Assim, alimentam o site para nós, enquanto mostram o que se pode fazer com o produto que vendemos – contou Philipe à plateia formada por estudantes.

Para ele, a aparelhagem digital deixou o fotógrafo “meio preguiçoso” (“Ninguém mais pensa na luz”) e fez com que as novas gerações desconhecessem a possibilidade, ou as possibilidades, da fotografia analógica:

– Os mais jovens que chegam à loja perguntam até se a câmera vem com cabo USB – diverte-se.

Philipe ressalvou que a lomografia não pretende ser um contraponto à fotografia digital. Segundo ele, muitos fotógrafos profissionais dão aos filhos câmeras lomo para estimular a paixão pela atividade. Outros usam a tecnologia como trunfo de mercado, como fotógrafos de casamento que levam uma lomo à cerimônia para fazer algumas fotos “diferentes” dos noivos, além das tradicionais, feitas com aparato digital. Philipe acrescentou ainda que a técnica estimula um olhar menos óbvio:

– A câmera digital profissional é muito óbvia. A lomografia permite um olhar mais poético. Muita gente diz que ela trouxe de volta o prazer de fotografar. Eu, pessoalmente, nunca vi um lomógrafo deprimido – brincou.

Philipe esclareceu que não é preciso ser profissional para manusear uma câmera lomo. Pelo contrário, a ideia da extinta União Soviética, ao lançá-la em plena Guerra Fria, era democratizar a fotografia para que os soviéticos pudessem registrar imagens do regime socialista. A despeito do caráter "democrático" da foto lomográfica, era é condicionada a fatores climáticos. Dias de chuva e pouca iluminação, por exemplo, dificultam o uso desse tipo de recurso.