Projeto Comunicar
PUC-Rio

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Rio de Janeiro, 15 de janeiro de 2025


Ciência e Tecnologia

Na palma da mão

Daniel Cavalcanti - Do Portal

17/12/2010

 Mauro Pimentel

Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), há no Brasil hoje pouco mais de um celular para cada habitante. Essa proporção era de um para cada seis habitantes dez anos atrás. Para 2011, 20 anos do início dos celulares no país, as operadoras se preparam para as próximas gerações de aparelhos e usuários que estão, literalmente, entupindo as bandas ocupadas pelas redes digitais.

No Brasil, tudo começou no início da década de 1990. Havia duas formas de se comunicar com outras pessoas quando se estava fora de casa: caminhar até um telefone público ou comprar um aparelho caro, do tamanho de um antebraço, cuja bateria durava no máximo 6 horas. Mesmo tendo esse aparato desengonçado, o "usuário" ainda teria que estar dentro de um perímetro urbano ao alcance de um sinal analógico. Era a primeira geração de telefonia celular no Brasil.

O advento da tecnologia digital gerou a segunda geração de celulares. As informações passaram a ser transmitidas dos aparelhos até as antenas por meio de bits e bytes dos computadores. O professor Glaucio Siqueira, do Centro de Estudos em Telecomunicações (Cetuc) da PUC-Rio, participou desse processo de mudança. Segundo ele, com a privatização da Telebras, houve uma divisão na banda de frequência da época, denominadas bandas A e B. Após a disputa de empresas de telefonia do setor privado pela concessão dessas bandas, houve um salto tecnológico rumo aos celulares 2,5G. Essa "meia geração" foi propiciada pela abertura de novas frequências ao setor, que serviram de porta de entrada para as empresas.

– Nessa época, a segunda geração já começava a propiciar serviços como acesso a bancos de dados, por exemplo. Nesse momento, abriu-se o caminho para a terceira geração – relembra Siqueira.

A era 3G proporcionou acesso à internet. Para Siqueira, o aparelho “deixou de ser um telefone celular, se tornou uma máquina de acesso à sua vida”. De repente, redes sociais, e-mails e sites de notícias podiam ser acessados instantaneamente de qualquer lugar. No entanto, toda essa facilidade ocupa um espaço nas frequências. Como criar uma estrutura de telecomunicações capaz de lidar com todo esse mundo de trocas digitais?

 Isabella Sued Segundo o professor Silva Mello, também pesquisador do Cetuc, e coordenador da Central de Planejamento e Avaliação Acadêmica da PUC-Rio, uma solução é a banda UHF, atualmente utilizada pela televisão analógica.

– Como a frequência UHF é mais baixa, a cobertura de novas redes pode ser ainda maior – explica.

Mas a adoção da UHF pode vir tarde demais. A liberação dessa rede só deve ocorrer a partir de 2017, com a adoção da TV Digital em âmbito nacional. Esse processo também pode demorar. Em um país de 190 milhões de habitantes no qual a televisão está presente em 95% dos lares, a inclusão universal é complexa e se torna mais difícil em áreas afastadas dos grandes centros urbanos.

– Se hoje já temos tecnologia 4G em desenvolvimento, o que será daqui a sete anos? Será que ainda poderemos usar as frequências UHF? – questiona o professor Silva Mello.

A rede de nova geração, a 4G, vem para gerar um impacto na velocidade da transmissão de dados. Se hoje uma rede 3G transfere 2 megabytes por segundo, esse número deve pular para 10 megabytes. Para Silva Mello, uma das aplicações que deve melhorar com isso é a video-chamada.

– O grande problema é que ninguém sabe se isso vai “pegar”. Afinal, já houve tentativas anteriores, como do programa Skype, que não se tornaram tão populares – avalia o engenheiro. – Essa é a grande pergunta: as pessoas querem isso?

Empresas investem na "usabilidade"

 Daniel Cavalcanti Livia Tabodela, 20 anos, é aluna do 5º período de Comunicação na PUC-Rio e proprietária de um iPad, o mais novo aparelho da Apple. Ela revela não só que usa o aparelho principalmente para ler, como também afirma: “Não quero comprar livros nunca mais”.

Empresas como a Apple e a Google têm seguido um rumo diferente dos outros fabricantes em um mar de smartphones multifuncionais com várias aplicações integradas aos aparelhos. As regras do jogo apontam para a facilidade de uso, com alto grau de customização dos aplicativos, que podem ser comprados diretamente de lojas virtuais. A grande vantagem é que qualquer pessoa pode escolher a dedo cada um desses aplicativos e usá-los conforme achar melhor, sem quantidades exaustivas de menus e configurações.

Mesmo com tantas possibilidades na mão, o usuário ainda reclama:

– Falta multi-tarefa, por exemplo, então não posso acessar várias páginas ao mesmo tempo. Além disso, ainda não tem as várias funções de um computador – afirma Livia. – Mas tenho utilizado o iPad nos cursos. Em vez de levar um caderno, eu o uso para fazer as anotações nas aulas.

Lançado oficialmente no Brasil no mês passado, o iPad já tem seus competidores. O Galaxy Tab da Samsung começa a dividir o público. Com o uso do sistema operacional Android 2.2 – apelidado de Froyo – a novidade fica por conta do formato, visivelmente menor que o iPad.

Para alguns, os novos tablets podem substituir os smartphones, mas apenas em algumas tarefas, como no caso das ligações e de pequenas consultas à internet.

– Ainda vamos usar, por muito tempo, os dois aparelhos juntos, pois é a portabilidade de um e o conforto de outro – avalia o professor Silva Mello.

As promessas da nanotecnologia

 Mauro Pimentel Uma das promessas no campo da tecnologia de informação é a nanotecnologia.

– É uma tendência que não vai parar – profetiza o professor Gláucio Siqueira.

O objetivo da nanotecnologia é proporcionar a miniaturização a nível molecular de dispositivos motores e eletrônicos. Com isso, será possível criar processadores cada vez menores e mais rápidos. Outra vantagem é que as baterias podem durar mais e esquentar menos.