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Rio de Janeiro, 26 de abril de 2024


Ciência e Tecnologia

Meio ambiente exige diálogo entre saberes

Igor de Carvalho - Do Portal

20/10/2010

Mauro Pimentel

A geografia vive uma fase de despolitização e precisa se reciclar. O diagnóstico, em tom de alerta, foi dado pelo professor da Unicamp Antonio Carlos Vitte, um dos palestrantes do I Simpósio Internacional Geografia e Meio Ambiente: pontes para a interdisciplinaridade, no qual especialistas discutem, desde segunda-feira passada, caminhos para o avanço ambiental. Para opnião de Vitte, um dos trilhos é a a busca de novas fontes de informações:

– As respectivas literaturas revela-se um dos canais mais importantes para se obter mais informação sobre os diversos países.  Às vezes, aprendemos mais os autores literários de cada país do que com textos de historiadores – sugeriu.

A interdisciplinaridade, acrescentou o professor, também é componente importante para uma radiografia mais nítida das demandas ambientais. Ele propôs o diálogo amplo da geografia com as outras ciências e com a sociedade, sem qual o aprendizado torna-se menos enriquecedor. 

Vitte reconheceu a importância também das novas tecnologias – como as aplicadas na geotecnologia e na cartografia digital. Mas ressalvou: falta uma teoria que as explique.

– Nossa temporalidade é diferente da dos computadores, devido às competências pessoais. Por isso, ainda precisamos criar uma teoria capaz de explicar as novas áreas da geografia e de desenvolver metodologias para elas – observou.

 Mauro Pimentel O professor da Unicamp disse que a ferramenta de mapas do Google, por exemplo, tem criado uma nova estética do espaço. A ciência entra na ordem cartográfica da indústria, "o que gera incertezas":

– A natureza está cada vez mais fragmentada, mercantilizada e capitalizada. Além disso, esse tema mexe com a afetividade, com os conflitos, e é impossível reconstruir o mundo sem afetividade – observou Vitte, referindo-se ao tema da palestra: Natureza, Ciência e Humanismo: a transvalorização dos valores e a Geografia.

O reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., também destacou a necessidade do contato entre os saberes das áreas do conhecimento:

– Os cursos de graduação não serão mais criados isoladamente, mas com um intenso diálogo entre departamentos, como é o caso dos nossos cursos de Arquitetura, Artes Cênicas e agora Biologia.

Josafá apontou os caminhos para aproveitar a interdisciplinaridade:

– Buscar nas diferenças e especificidades de cada área do saber os pontos de diálogo, das trocas, de uma visão oitiva.

Para o reitor, a geografia vive um momento de resgate. É preciso um novo olhar para as questões geográficas, novas metodologias:

– A geografia precisa adotar uma abordagem central, estratégica, integrada.