Igor de Carvalho - Do Portal
20/10/2010A geografia vive uma fase de despolitização e precisa se reciclar. O diagnóstico, em tom de alerta, foi dado pelo professor da Unicamp Antonio Carlos Vitte, um dos palestrantes do I Simpósio Internacional Geografia e Meio Ambiente: pontes para a interdisciplinaridade, no qual especialistas discutem, desde segunda-feira passada, caminhos para o avanço ambiental. Para opnião de Vitte, um dos trilhos é a a busca de novas fontes de informações:
– As respectivas literaturas revela-se um dos canais mais importantes para se obter mais informação sobre os diversos países. Às vezes, aprendemos mais os autores literários de cada país do que com textos de historiadores – sugeriu.
A interdisciplinaridade, acrescentou o professor, também é componente importante para uma radiografia mais nítida das demandas ambientais. Ele propôs o diálogo amplo da geografia com as outras ciências e com a sociedade, sem qual o aprendizado torna-se menos enriquecedor.
Vitte reconheceu a importância também das novas tecnologias – como as aplicadas na geotecnologia e na cartografia digital. Mas ressalvou: falta uma teoria que as explique.
– Nossa temporalidade é diferente da dos computadores, devido às competências pessoais. Por isso, ainda precisamos criar uma teoria capaz de explicar as novas áreas da geografia e de desenvolver metodologias para elas – observou.
O professor da Unicamp disse que a ferramenta de mapas do Google, por exemplo, tem criado uma nova estética do espaço. A ciência entra na ordem cartográfica da indústria, "o que gera incertezas":
– A natureza está cada vez mais fragmentada, mercantilizada e capitalizada. Além disso, esse tema mexe com a afetividade, com os conflitos, e é impossível reconstruir o mundo sem afetividade – observou Vitte, referindo-se ao tema da palestra: Natureza, Ciência e Humanismo: a transvalorização dos valores e a Geografia.
O reitor da PUC-Rio, padre Josafá Carlos de Siqueira, S.J., também destacou a necessidade do contato entre os saberes das áreas do conhecimento:
– Os cursos de graduação não serão mais criados isoladamente, mas com um intenso diálogo entre departamentos, como é o caso dos nossos cursos de Arquitetura, Artes Cênicas e agora Biologia.
Josafá apontou os caminhos para aproveitar a interdisciplinaridade:
– Buscar nas diferenças e especificidades de cada área do saber os pontos de diálogo, das trocas, de uma visão oitiva.
Para o reitor, a geografia vive um momento de resgate. É preciso um novo olhar para as questões geográficas, novas metodologias:
– A geografia precisa adotar uma abordagem central, estratégica, integrada.
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